23/05/2024 às 10h02min - Atualizada em 23/05/2024 às 10h02min

​Por que o futuro do agronegócio depende da preservação do meio ambiente no Brasil

O agronegócio brasileiro não pode ignorar a preservação ambiental

Fred Almeida - Da Redação, Com BBC
Foto: reprodução
O agronegócio brasileiro enfrenta um grande desafio: conciliar o crescimento da produção agrícola com a preservação do meio ambiente. Apesar de muitos produtores rurais estarem preocupados principalmente com questões logísticas, estruturais e comerciais, os riscos gerados pela devastação ambiental são uma ameaça muito mais iminente do que se imagina.

Estudos mostram que o desmatamento, afrouxamento da legislação de proteção dos recursos naturais e as mudanças climáticas podem levar a uma queda significativa na produtividade agrícola nos próximos anos. Isso porque a retirada da vegetação nativa afeta diretamente o regime de chuvas, a disponibilidade hídrica e a temperatura, fatores fundamentais para a agricultura.

Segundo o pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa, o desmatamento já está impactando a produção, como mostram os dados da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), que registraram perda de mais de 16 milhões de toneladas na safra deste ano devido à seca.

Além disso, a destruição da cobertura florestal prejudica a infiltração da água no solo, causando erosão e poluição dos rios. Isso gera a perda de áreas produtivas, comprometendo a sustentabilidade a longo prazo.

Outro problema é o uso excessivo de agrotóxicos, que afeta diretamente os polinizadores, responsáveis por cerca de 25% da produção agrícola nacional. Isso compromete a produtividade de culturas que dependem desses insetos.

Apesar dos ganhos de produtividade nas últimas décadas, os pesquisadores alertam que esses avanços podem ser comprometidos caso não haja uma mudança de paradigma no modelo de desenvolvimento do agronegócio e na forma de encarar a legislação ambiental. Na verdade, no médio e longo prazo, ela preserva a área de produção, impedindo que se degrade. É preciso apostar em práticas agrícolas mais sustentáveis, que conciliem produção e preservação ambiental.

Nesse sentido, a manutenção das reservas legais nas propriedades rurais e a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono são essenciais. Além disso, uma maior organização dos produtores em cooperativas pode facilitar o acesso a essas soluções mais sustentáveis.

O futuro do agronegócio brasileiro depende, portanto, de uma visão de longo prazo que entenda a importância da preservação ambiental para a sustentabilidade da atividade. Afrouxar as regras de licenciamento ambiental, como proposto em um projeto de lei no Senado, seria um retrocesso inaceitável, colocando em risco não apenas o meio ambiente, mas a própria produção agrícola.


 

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