​Aumento da demanda chinesa por soja pode ser um problema para o Brasil no futuro

China importou 142% a mais de soja nas últimas 16 safras, mas crescimento anual desacelera nos últimos cinco anos

Foto: Reprodução

A demanda chinesa por soja tem registrado um crescimento muito forte nas últimas décadas. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revelam que, desde a safra 2007/08 até a temporada 2023/24, as importações chinesas da oleaginosa aumentaram em 142%, chegando a previsão de 121 milhões de toneladas.

Embora esses números impressionantes demonstrem um mercado em expansão, analistas apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento nos últimos cinco anos. Esse declínio, que reduziu a taxa anual de crescimento para 2,65%, sugere que o mercado pode estar se aproximando de um platô de saturação.

Para Felipe Jordy, líder do time de inteligência da Biond Agro, o crescimento da demanda chinesa está intrinsecamente ligado ao aumento populacional, ao poder aquisitivo crescente e a mudanças na matriz de consumo, tanto humano quanto animal. No entanto, ele ressalta que o ritmo de expansão tende a desacelerar à medida que o mercado se aproxima da saturação.

O Brasil e os Estados Unidos surgem como os principais fornecedores de soja para a China, representando mais de 80% das importações do país asiático. Porém, embora o Brasil tenha ampliado sua participação no mercado chinês nos últimos anos, passando de 51% em 2014 para 74% em 2023, há preocupações crescentes sobre a dependência excessiva do mercado de exportação para a China.

Jordy observa que, à medida que o Brasil continua expandindo sua produção e área cultivada, enquanto a China demonstra um crescimento mais controlado, a dependência excessiva das exportações de soja pode se tornar uma vulnerabilidade para o país. Ele alerta que, sem estratégias de diversificação ou apelos ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), o mercado brasileiro de soja pode enfrentar desequilíbrios entre oferta e demanda no médio e longo prazo.