Neste domingo (22), a Argentina assistiu a uma reviravolta após Sergio Massa e Javier Milei avançarem para o segundo turno das eleições presidenciais, marcado para 19 de novembro. Os resultados iniciais pegaram muitos de surpresa, já que Massa, membro do peronismo e atual ministro da Economia, liderou a apuração desde a divulgação da primeira parcial, conquistando 36,63% dos votos. Milei, conhecido por suas posições ultraliberais, obteve 30,02%. Havia a expectativa de que Milei chegasse em primeiro e houve quem previu que ele ganharia o primeiro turno.
Patricia Bullrich, com 23,83% dos votos, ficou em terceiro lugar, enquanto Juan Scharetii obteve 6,8% e Myriam Teresa Bregman, 2,69%.
Massa teve um desempenho impulsionado principalmente pelo eleitorado da Província de Buenos Aires, embora seja importante destacar que o peronismo registrou sua pior votação presidencial em quatro décadas.
Nas primárias argentinas, que ocorreram em agosto, a chapa de Milei havia conquistado o primeiro lugar, seguida pelas de Bullrich e Massa. Surpreendentemente, a maioria das pesquisas eleitorais indicava que Milei lideraria o primeiro turno, tornando este resultado um evento inesperado.
Os números da apuração, divulgados pela Direção Nacional Eleitoral, aguardam confirmação da Justiça Eleitoral Nacional, através do sistema de "escrutínio final." Embora a participação dos eleitores tenha sido relativamente baixa, atingindo 74% na hora do encerramento da votação, o mais baixo índice em 40 anos, ela subiu para 77,65% durante a apuração, devido às filas de espera.
Além disso, a votação não esteve isenta de incidentes, com notícias de uma ameaça de bomba na Casa Rosada por volta das 17h30 de domingo. A Polícia Federal e o esquadrão antibombas investigaram o local, mas não encontraram artefatos explosivos.
Sergio Massa Massa, atual ministro da Economia, assumiu o cargo em meio a uma das piores crises econômicas que a Argentina já enfrentou, com uma inflação anual de 138,8%. Antes disso, foi presidente da Câmara dos Deputados, é advogado e tem 51 anos.
Ele é o candidato do peronismo, de orientação centro-esquerda, representando o União pela Pátria. Em 2013, fundou o Frente Renovador, um partido de centro, como uma alternativa à ex-presidente Cristina Kirchner, de quem foi chefe de gabinete entre 2008 e 2009. Apesar do rompimento com Kirchner, hoje ele faz parte do governo de esquerda de Alberto Fernández. Em 2015, Massa foi candidato à presidência da Argentina. Filho de imigrantes italianos, o político cresceu na periferia de Buenos Aires.
Javier Milei Milei venceu as eleições primárias com o slogan de que os políticos devem ser "chutados na bunda." O economista de extrema direita, de 52 anos, representa o partido Liberdade Avança. Ele foi eleito deputado federal em 2021 e se tornou conhecido por suas aparições em programas de televisão.
Milei se declara "anarcocapitalista", uma corrente ultraliberal que defende a privatização e a ausência do Estado. Uma de suas propostas mais controversas é a dolarização da economia e o abandono do peso argentino desvalorizado. Milei afirmou que pretende "dinamitar" o Banco Central e defender a privatização dos sistemas de saúde e educação, visando a redução da máquina pública. Ele se declara admirador de Donald Trump e Jair Bolsonaro, defendendo a flexibilização das leis de posse de armas de fogo. Milei é contra o casamento gay, o aborto e classifica a educação sexual como uma manobra para destruir a família.
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