A melhora no mercado pecuário é perceptível, com elevações de preços em todas as categorias de bovinos até a arroba do gado pronto. O cenário, mais favorável, começou a se desenhar há pouco mais de um mês e reflete o enxugamento forte da oferta de animais prontos para o abate, da redução de fêmeas na produção, da menor oferta de pastagens e, já podemos dizer, a melhora no consumo interno (não é na velocidade que se espera ou deveria, mas está mais evidente). Enfim, temos uma entressafra de bois no Brasil.
Em torno das exportações brasileiras de carne bovina, o mês de outubro vem com cinco dias úteis com embarques em 38,1 mil toneladas, de acordo com a Secretária de Comércio Exterior. Ano passado, em 19 dias úteis, o mesmo mês somou o volume de 188,4 mil toneladas, em 19 dias úteis. A média diária neste começo de mês não é boa, está em 7,600 mil toneladas, recua 23,10%, comparado ao mesmo mês em 9,9 mil toneladas.
Na produção, há uma puxada diferente nos preços que faz com que os valores do bezerro, do boi magro e boi gordo estejam em aceleração. Tenho observado nos leilões em Campo Grande a oferta de bezerros ser melhor remunerada, fator positivo para o mercado. No ano passado e durante um bom período este ano, vimos uma forte levada de fêmeas ao abate, as consequências iniciais e em médio prazo ficaram na pressão da arroba do boi (houve competição), mas, no presente, já vemos um reordenamento da cadeia produtiva, com a valorização do bezerro (longe dos patamares de preços que já teve). Todavia, trata-se mesmo de uma reorganização e se teve uma modalidade pecuária que ficou mais desapontada, seguramente foi na cria.
A relação de boi gordo com bezerro no sentido econômico é extremamente relevante. A melhora nos preços da arroba foi determinante, também, as demais categorias. E o boi gordo segue com valores firmes no mercado físico e futuro, refletindo a entressafra e a expectativa do último trimestre contar com elevação de consumo.
Temos uma semana iniciada com importantes movimentos. Um deles, é em torno dos preços da arroba na praça de referência, São Paulo. Os negócios com Boi China estão na casa de R$ 240 por arroba, mas há informação de boiadas negociadas em até R$ 250. Por outro lado, a semana começou devagar (como o esperado) e as escalas em São Paulo estão em 15 dias e Mato Grosso do Sul elevou para 13. Nada demais, mas algumas plantas tentaram cancelar contratos já feitos. A estratégia não está funcionando e pouco impacto no mercado.
Devemos ver a sequência de elevações na arroba de forma um pouco mais aguda em outubro. O pecuarista deve manter a estratégia de venda e observar sua capacidade de terminação e custos.