10/10/2023 às 09h44min - Atualizada em 10/10/2023 às 09h44min

Conflito entre Hamas e Israel no Oriente Médio preocupa o agronegócio mundial

Tensões entre Hamas e Israel geram instabilidade nos mercados e levantam questões sobre o impacto no setor agropecuário

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
Foto: Freepik
À medida que o cenário econômico global já enfrentava turbulências, as recentes notícias do conflito entre Israel e o Hamas trouxeram ainda mais ansiedade aos mercados financeiros, intensificando a aversão ao risco. Nesta segunda-feira (9), o petróleo, um dos mercados mais afetados pelos eventos recentes, registrou um aumento de mais de 4%, impulsionando o preço do barril do Brent para US$ 88,00. O gás natural também teve uma alta de mais de 15% na Europa, arrastando outras commodities consigo.
 
A incerteza se espalhou entre os investidores, que agora se mantêm cautelosos diante do que está por vir. A tendência é que o dólar continue a subir, e as commodities podem se tornar mais sensíveis e vulneráveis a essas oscilações. O petróleo, em particular, é afetado não apenas pela preocupação com o suprimento, mas também pela logística de transporte, uma vez que é uma das commodities mais negociadas globalmente.
 
Tamas Varga, analista da corretora petrolífera PVM, afirmou: "Qualquer aumento de tensão no Oriente Médio normalmente leva a um aumento nos preços do petróleo, e desta vez não é diferente." Além disso, a proximidade do Hamas com o Irã gera alertas, uma vez que o presidente iraniano estava em conversas com o líder do grupo islâmico-palestino. Saul Kavonic, analista de energia, alerta que se o conflito se estender ao Irã, até 3% do suprimento global de petróleo estará em risco, e um conflito mais amplo que afete o trânsito pelo Estreito de Ormuz poderia colocar em perigo cerca de 20% do suprimento global de petróleo.
 
Com o saldo de mortos ultrapassando 1600 neste terceiro dia de guerra, o Hamas indicou estar disposto a negociar um cessar-fogo com Israel, afirmando ter alcançado seus objetivos. Por outro lado, o braço armado do grupo, Al Qassam, ameaçou executar publicamente um refém em caso de novos bombardeios a casas na Faixa de Gaza.
 
O conflito, enraizado em questões territoriais e religiosas, pode se intensificar rapidamente, afetando ainda mais os mercados financeiros. A diretora de investimentos da UBS Global Wealth Management, Solita Marcelli, afirmou que, neste contexto, a renda fixa é preferível às ações, devido a um perfil de risco-recompensa mais favorável. Ela recomenda a compra de títulos de alta qualidade com vencimento de 5 a 10 anos, prevendo um arrefecimento da inflação e um crescimento global mais lento.
 
Embora o conflito Israel x Hamas tenha dominado as manchetes, as preocupações com o cenário fiscal dos Estados Unidos e a condição global sensível da economia ainda estão no horizonte dos agentes do mercado. Assim, apesar do aumento do petróleo, o dólar em alta e as commodities em queda continuam sendo motivo de preocupação.
 
Ênio Fernandes, consultor em agronegócios da Terra Agronegócios, ressalta: "Com o que está acontecendo nos Estados Unidos, na China e na Europa, não temos como ver as commodities subirem. Além disso, temos um dólar em alta." A volatilidade também não deve diminuir tão cedo, e o dólar está atualmente cotado em R$ 5,14.
 
Impacto no Mercado de Grãos
Em um cenário já complicado, a guerra entre Israel e o Hamas está causando impactos severos nos preços dos alimentos. Os futuros do trigo negociados na Bolsa de Chicago encerraram com ganhos de até 1,06%, atingindo US$ 6,40 por bushel, devido às tensões geopolíticas no Oriente Médio e no Mar Negro.
 
Por outro lado, os futuros do milho não conseguiram sustentar os ganhos, com quedas de até 0,76%. O dezembro fechou a US$ 4,88 e o março a US$ 5,03 por bushel.
 
Desafios no Mercado de Fertilizantes
No mercado de fertilizantes, os impactos ainda não são significativos, conforme Jeferson Souza, analista da Agrinvest. No entanto, as preocupações são legítimas, já que Israel é um dos principais fornecedores de fertilizantes para o Brasil. Eles são o segundo maior fornecedor de Super Simples e o quarto de Cloreto de Potássio.
 
Além disso, a relação com o petróleo também é importante, pois os valores dos fretes marítimos podem subir, aumentando os custos de importação. Por enquanto, os problemas são indiretos, mas é necessário acompanhar de perto o desenvolvimento da situação.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://canalpecuarista.com.br/.