05/09/2023 às 09h07min - Atualizada em 05/09/2023 às 09h07min

Desvalorização da arroba do boi e da tonelada da carne bovina exportada

Fabiano Reis
(Foto: Divulgação)
Há excesso de carne bovina no mercado brasileiro, dá para dizer que as câmaras frigoríficas estão cheias. Elas pesam, de forma determinante, no valor da arroba do boi gordo que cedeu muito e fechava a última segunda-feira, dia 4 de setembro, abaixo de R$ 200,00. Desde a última semana, pecuaristas tentam posicionar para não haver venda abaixo desta marca, mas os cenários são difíceis. Existem todas as dificuldades no consumo de carne bovina interno, mas, também, os embarques apresentam ligeira queda de volume (comparativo ao mesmo período do ano passado) e forte recuo no preço da tonelada embarcada.
 
A Secretária de Comércio Exterior divulgou o embarque de 185,3 mil toneladas de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, em 23 dias de agosto/23. Na comparação com o mesmo período do ano passado, há queda de 8,7% no volume embarcado e aumento de 15,31% frente ao total de julho/23.
 
A receita com as exportações atingiram em agosto/23 a cifra de US$ 836.152 milhões, um recuo forte de 32,29% comparado ao mesmo período sazonal de 2022, quando a indústria exportadora faturou US$ 1.245,977 milhões. O preço médio da tonelada atingiu em agosto/23 US$ 4.510 mil por tonelada, queda de 26,40% frente a agosto de 2022, com preços médios de US$ 6.132 mil por tonelada.
 
Os dados acima mostram que há um reposicionamento no preço internacional da carne bovina, de um ano para outro, queda de US$ 1.600 por tonelada. Situação que impede a indústria frigorífica tem dificuldade de trabalhar suas margens de rentabilidade. A pressão existe no exterior e ela é repassada para o setor de produção e como o ciclo pecuário é bem mais lento que o industrial, temos uma pressão ainda maior, já que parte dos animais foi engordado com custos bem mais elevados.
 
Os fatos descritos têm trazido uma mudança de comportamento por parte da indústria. Os grandes frigoríficos estavam antes montando escalas muito elevadas, em São Paulo chegou a 40 dias no meio de agosto. Após este cenário, as escalas recuam, em SP, praça de referência, os dias garantidos de atividade fabril estão em 16,50 dias. No Mato Grosso do Sul 4,5. Já vimos mais dias de escala e preços maiores, contudo, o que pesa no contexto atual é haver grande volume de carne estocada, que somada aos preços mais baixos pela tonelada embarcada e o consumo que não evolui no Brasil, nos leva para o cenário atual.
 
Nesta semana, pecuaristas tentam organizar uma resistência aos fatores expostos. O GPB – Grupo Pecuária Brasil, em nota aberta, convoca pecuarista para união de classe e não comercializar animais abaixo de R$ 200 por arroba. Valor que começou a aparecer nas cotações desde a semana passada.

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