22/08/2023 às 11h16min - Atualizada em 22/08/2023 às 11h16min

Mercado do boi: Momento de refazer planejamento pecuário das fazendas

(Foto:divulgação)
Poucas mudanças nas negociações de boi gordo no país são esperadas nesta semana. A pressão segue forte com propostas abaixo da referência e com muito criadores desmotivados o que pode ou deve, acarretar um número menor de animais para abate entre 2025 e 2027 quando o ciclo deve ser de alta.
 
A palavra ciclo está muito presente na pecuária brasileira e vou usá-la, com semântica respeitada, para falar do tema. Temos em nossos artigos um foco forte no mercado do boi gordo e carne bovina. Por outro lado, olhamos os cenários das demais categorias, afinal uma coisa é ligada a outra. No sábado, durante o CBN Agro, programa semanal de rádio na CBN, conversei rapidamente com uma amiga, jornalista/pecuarista, filha de pecuarista. A preocupação são os valores praticados para o bezerro. A situação está bem difícil também para este tipo de criador e, se estamos falando que podemos estar no fundo do poço para os preços da arroba (eu, sinceramente, não sei) a cria também está com as marcas da régua do tal “poço” lá embaixo. Enfim, este fator nos leva a outra reflexão.
 
Desde o ano passado temos um forte abate de fêmeas nas áreas produtoras, eventualmente, sendo liderado por estados distintos, mas a indústria recebeu e segue recebendo muitas fêmeas. A conta é simples. O bezerro ficará mais caro no futuro, para isso ocorrer vemos o forte descarte em 2023. É a tal da desmotivação que citei há pouco. Mas o cálculo não fica parado nisso, com uma oferta de fêmeas maior, a indústria monta escalas bem mais robustas e arroba do gado pronto (boi, vaca, novilha) não encontra forças, nem mesmo para manter os patamares.
 
Há o elemento externo também. Ele se chama China e já foi o fundamento para fortes ganhos na pecuária brasileira. Isso mudou muito, hoje praticamente não existe bônus entre arroba “comum” e “China”. Mais do que isso, além da repactuação chinesa quanto aos valores dos produtos adquiridos, chama a atenção a deflação econômica no país, a redução nas estimativas de crescimento do PIB chinês (a crise no setor da construção civil sem solução). Este país asiático é emergente, em desenvolvimento, com isso, os fundamentos econômicos mostram que a população está com remuneração baixa ou a taxa de desemprego é muito alta. Eles nunca contam tudo com o que ocorre por lá. Alguém lendo o artigo, deve ter lembrado “o Japão costuma ter deflação”. A diferença é que este país é uma economia aberta, consolidada, tradicional e os japoneses, realmente, têm menor impulso de consumo e guardam mais dinheiro.
 
Por fim, tudo que compartilhei joga a escala de abate em São Paulo com quase 32 dias, Mato Grosso do Sul com 11 na escala e todos os outros também. O cenário não tem fundamentos para melhora no curto prazo. Dito isso, o planejamento pecuário de cada fazenda precisa ser refeito e corte de custos precisam ser mais austeros.
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