11/07/2023 às 09h22min - Atualizada em 11/07/2023 às 09h22min
Mercados consumidores de carne bovina nacional: China e Brasil
(Foto: Divulgação) Movimentação do mercado do gado pronto mantém o curso baseado nos fundamentos e comportamento de importantes elos da cadeia produtiva da carne bovina. Há algumas semanas tenho escrito isso, a oferta de bois reduziu (em alguns estados há bastante oferta de fêmeas ainda limitando o boi), a escala industrial cai junto. A indústria ofertou mais, a arroba sobe, as escalas se reestabelecem de forma segura (não é confortável), frigoríficos reduzem um pouco ímpeto. Enfim, temos um uma sequência de fatores ligados ao momento, muito por definição das exportações e o consumo interno.
O consumo de carne bovina no Brasil melhorou um pouco, mas muito pouco. Alguns dados colocados no mercado pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, mostram um recuo muito tímido no preço do produto final em território brasileiro, ao se considerar os 13 principais cortes dispostos para a população. No acumulado do ano a queda é de 3,04% ou 4,48% nos últimos 12 meses, na média nacional pesquisada.
Dos números apresentados, vou trabalhar no comparativo com os “últimos 12 meses”, os dados são interessantes por proporcionar uma comparação temporal mais adequada. Se considerarmos o indicador do boi Cepea, vamos ver até junho de 2023 um recuo de 26% no valor da arroba do boi gordo, se comparado ao mesmo período sazonal. Não obstante, já havia escrito sobre estes números em nossa coluna, a carcaça de boi inteiro no mercado atacadista com osso apresenta queda no preço de 28,9%, considerando exatamente o mesmo período. Não posso esquecer de falar do varejo de carne bovina, sem osso, a queda é de apenas 13%.
Ainda falando do consumidor interno de carne bovina, o segundo semestre costuma ser de consumo maior por uma série de fatores, alguns culturais. Somado a isso, se é que podemos já falar de algo realmente bom que pode impactar a população brasileira, a taxa de desemprego recua e, do ponto de vista econômico, o sistema bancário se prepara para volta liberar crédito em maior volume aos brasileiros. Por um lado é interessante, por outro, pode ser um novo grande endividamento. O tempo vai dizer. A questão é que os elementos citados devem convergir para um aumento do consumo de proteínas. Quanto ao grande comércio varejista, não repassou e nem sinaliza um repasse maior da carne bovina mais barata.
- Estou dizendo que o consumo de carne bovina interna deve melhorar um pouco, mas não se trata de uma explosão.
Depois de escrever sobre consumo interno (seria ótimo para todos se ele fosse retomado) falo sobre as exportações. Neste momento há recorde de volume embarcado (2º maior registrado em primeiro semestre) e queda expressiva na receita faturada pela indústria. Os dados a serem utilizados são os divulgados pela Abiec neste começo de semana, que apresentam 1,02 milhão de toneladas, queda de 3,8% frente ao ano mesmo período do ano passado. Nada mal se considerarmos o embargo da China no segundo mês do ano. Mesmo com a queda os números são bons. Por outro lado, quando olhamos para a receita, o faturamento, o cenário se complica com uma brusca queda de 21,4% totalizando US$ 4,8 bilhões.
No caso citado, mais uma vez a China é o grande destaque. Totalizou aquisições de 512.306 toneladas, receita de US$ 2,6 bilhões. Aqui habita uma de minhas preocupações: a tonelada da carne bovina brasileira exportada para a China estava em torno de US$ 7 mil no começo do ano passado, agora U$ 5 mil e com alguma pressão dos importadores.
A informação anterior pode ser, em algum aspecto, desanimadora. Todavia, é relevante para o planejamento do pecuarista. É muito importante vender bem e produzir com custo baixo de forma sóbria para evitar algum solavanco ou surpresa no mercado.