O dólar comercial abrandou o ritmo de alta na manhã desta segunda-feira após bater R$ 5,2820 na máxima, em um movimento de realização de lucros pontual por parte de investidores. Seguem no radar do mercado os números piores do que o esperado da balança comercial chinesa e os riscos políticos e fiscais domésticos.
“Muita volatilidade. O dólar abriu com viés de baixa, virou e testou as máximas a R$ 5,28, e agora já devolveu parte do movimento. Tivemos uma realização”, diz Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital. “Digo isso pois, apesar dos pontos negativos internos, bancos ainda estimam um dólar mais perto de R$ 5,00 no cenário base dos próximos meses”, aponta ele.
Às 11h23, o dólar comercial subia 0,70%, a R$ 5,2724.
Na edição de hoje do Boletim Focus divulgada pelo Banco Central (BC), a mediana da projeção de dólar ao fim de 2021 ficou estável em R$ 5,10, enquanto a para 2022 continuou inalterada a R$ 5,20.
Entre os principais focos de tensão domésticos, estão os riscos políticos e fiscais, que, assim, permanecem no radar dos agentes financeiros. O acirramento das tensões entre o Executivo e o Judiciário no fim da semana passada roubou as atenções, mas a perspectiva de uma trajetória mais delicada das contas públicas segue inspirando cautela.
Nesse sentido, vale destacar o encaminhamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios e da Medida Provisória do Bolsa Família, que dividem ao longo da semana a atenção com a votação da reforma do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados e a CPI da Covid no Senado, que ouve o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Nos juros, as taxas futuras operavam com leves altas ao longo da curva, em linha com o câmbio. O juro do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passava de 6,47% no ajuste anterior para 6,495%; o do DI para janeiro de 2023 variava de 8,16% para 8,18%; o do contrato para janeiro de 2025 avançava de 9,05% para 9,10% e o do DI para janeiro de 2027 subia de 9,40% para 9,44%.
“Juros futuros relativamente estáveis, mas ainda em patamares muito elevados. O risco fiscal está presente e isso pode ser confirmado ao observarmos o DI janeiro/2025, que segue acima de 9%”, nota José Faria Júnior, diretor da WIA.