Cannabis medicinal ganha espaço no agronegócio como cultura sustentável e rentável

4º Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal destaca potencial do cânhamo industrial, planta que exige poucos recursos hídricos e ajuda na recuperação de solos

- Da Redação, com Canal Rural
23/05/2025 08h49 - Atualizado há 6 horas

O cultivo de cannabis medicinal está em destaque no 4º Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal (CBCM), que começou nesta quinta-feira (22) no Expo Center Norte, em São Paulo. O evento, realizado em parceria com a Embrapa, apresenta o módulo Agro Tech Cannabis, dedicado especificamente às aplicações agrícolas do cânhamo industrial - variedade com baixo teor de THC e sem efeitos psicoativos.  
 

O interesse pelo tema ganhou força após a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolar, na última segunda-feira (19), um plano de ação para regulamentação e fiscalização de tratamentos com fármacos à base de cannabis. O cânhamo industrial se revela uma cultura estratégica por seu baixo impacto ambiental, capacidade de regenerar solos e ampla aplicação industrial, que vai desde a produção de papel e tecidos até biocombustíveis e materiais de construção sustentáveis.  
 

Daniel Jordão, diretor da Sechat (empresa promotora do evento), ressalta a importância de discutir o cultivo para desenvolver o setor. "Não faz sentido depender da importação de matéria-prima quando o Brasil tem todas as condições para se tornar um dos principais produtores mundiais", afirma. O presidente da Associação Nacional do Cânhamo Industrial, Rafael Arcuri, destaca as vantagens agronômicas da planta: "Ela usa pouca água e defensivos, ajuda a recuperar o solo e forma uma barreira fitossanitária natural".  
 

A pesquisadora da Embrapa Beatriz Marti Emygdio lembra que 2025 marca os 10 anos da regulamentação do uso medicinal da cannabis no Brasil e a iminente publicação das normas para cultivo da variedade com até 0,3% de THC, prevista para setembro. "É crucial discutir os aspectos que impactarão essa cadeia produtiva", afirma. Paralelamente ao congresso, ocorre a Medical Cannabis Fair, com 60 estandes e 100 marcas representando setores como farmacêutico, cosméticos, bioinsumos e biotêxteis.  
 

O evento, que segue até sábado (24), inclui rodadas de negócios, apresentação de startups e painéis sobre políticas públicas, com parte da programação transmitida online. A crescente profissionalização do setor sinaliza um novo capítulo para o agronegócio brasileiro, que pode em breve incorporar a cannabis medicinal em seu portfólio de culturas sustentáveis e de alto valor agregado.  

 

 

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