22/10/2021 às 13h22min - Atualizada em 22/10/2021 às 13h22min

A evolução da pecuária leiteira

O agronegócio é um setor em constante evolução e não só a tecnologia como a inovação, a tecnificação e a percepção dos envolvidos no segmento são fundamentais para quem quer continuar na atividade de forma produtiva e sustentável. Nesse sentido, a gestão tem se destacado na mitigação de erros e na garantia de ações mais assertivas, dentro e fora da porteira.

De acordo com o professor adjunto na Universidade Estadual de Ponta Grossa, João Ricardo Alves Pereira, a pecuária leiteira, no Brasil, cresceu 80% nos últimos 20 anos. Esse incremento demandou muita tecnologia adequada às nossas condições de produção. “O papel das consultorias foi implementar e adequar essas tecnologias e promover essas mudanças, sempre respeitando a viabilidade econômica”, explica.

Ele lembra que outra importância das consultorias é mostrar aos produtores que gestão é a base do entendimento do processo produtivo. “O produtor conhece a sua rotina, mas precisa enxergá-la por outros ângulos, e a gestão é o caminho”, afirma Pereira, lembrando que o produtor não é afeito a planilhas e ferramentas gerenciais que lhe proporcionem uma noção exata de quanto custou e por quanto vendeu. “Esse paradigma ele precisa quebrar”, alerta.
Segundo Pereira, quem vive da pecuária de leite precisa ter escala e isso demanda grandes investimentos e aumenta o risco, por isso, deve avaliar bem o caminho a tomar e as decisões necessárias. “O desafio é grande e as mudanças precisam acontecer de forma rápida. Intensificar os sistemas para maior competitividade é um caminho sem volta”, comenta. “Todas as etapas da produção precisam ser revistas e sempre atualizadas.”

Nesse viés, ele observa que as oportunidades vão surgindo à medida que a competitividade se acirra. “Os mais eficientes terão maiores margens de lucro e diversificação de receita (venda de embriões e novilhas, industrialização de produtos)”, pontua e completa dizendo que, com uma receita maior, o produtor terá mais oportunidades de venda de seus produtos e mais capital para a compra antecipada de insumos e investimentos.

Para ele, a capacitação do produtor e de todos os envolvidos na atividade é fundamental. “Somente com uma boa gestão ele vai identificar os problemas e resolvê-los”, explica o professor, lembrando que, muitas vezes, não é o preço recebido e, sim, os custos de produção, mas poucos sabem o real custo de seu produto. “Sabendo o que precisa melhorar e o que mudar, o produtor vai buscar respostas e, com isso, saberá as ferramentas (cursos, palestras, eventos) que melhor lhe atendem”, completa.

Segundo Pereira, no Brasil, foi criada a cultura que para aumentar a receita deve-se cortar investimentos, e não custos. “Procuramos o ´capim milagroso’, que produza muito e não precise de muito adubo, ‘resíduos’ para substituir milho e soja na dieta, raças de animais tolerantes ao estresse (calor, carrapato, parasitas)”, enumera. “São caminhos que não deram certo e os que insistirem nessa expectativa estarão fora da atividade em um futuro próximo”, avisa.

Quanto ao futuro, o especialista acredita que, para os pequenos, os médios e grandes produtores evoluírem no setor, de forma consistente e lucrativa, investir em conhecimento é fundamental. “Avaliem bem o seu negócio, esqueçam receitas milagrosas e dicas sem fundamentação técnica. O produtor, melhor que ninguém, sabe dos seus problemas, por isso deve pensar diariamente em como resolvê-los”, ressalta. “ “O que está da porteira para fora, como preço de insumos e tributos, ele não pode mudar, mas, quase tudo que está da porteira para dentro, ele pode”, arremata.


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