A inclinação de preços baixos toma corpo. Com muita pressão negativa, a maior oferta segue, com resultados claros de quedas para arroba do boi, boi magro e bezerro. As escalas de trabalho da indústria frigorífica se apresentaram até com algum recuo na média nacional, mas ainda muito frouxa, superior a 10 dias.
O volume de animais em descarte, em especial, fêmeas, tem sido determinante para a elevação da oferta e se há uma eliminação das possíveis matrizes, há uma clara postura de que, no futuro, tenhamos uma oferta menor de bezerros e gado magro. É o ciclo.
No momento, há pressão negativa em torno da produção, mas com o tempo, o tabuleiro se inverte.
O frio intenso da semana passada em boa parte do país serviu para confirmar tendências em relação ao mercado do boi gordo e anular expectativas em torno do mercado do milho. Os pecuaristas se assustaram com a intensidade do frio na última semana e com a oferta já limitada de pastos, o cenário se agravou. A geada chegou principalmente ao Paraná e Mato Grosso do Sul, mas também nos estados de São Paulo e Minas Gerais. As áreas ressentiram, mas a geada não foi tão intensa quanto poderia. No Mato Grosso e Goiás o problema segue sendo a baixa umidade do solo e poucas chuvas.
Por outro lado, mas que acaba por pesar na atividade pecuária, o milho que havia tido uma aceleração de preços no mercado futuro, começou a devolver toda a alta, recuando bastante. O motivo é o mesmo da pecuária: as geadas não se confirmaram e, com isso, os preços que haviam subido pelo risco do fenômeno climático caíram. Sobre este mercado, especificamente, aposto em estabilidade, seguido de queda de preços. Em poucas semanas a colheita começa, a oferta fica mais intensa e não há lugar para armazenar (há quase 50 milhões de toneladas de soja ocupando silos e armazéns). Além disso, o estágio de desenvolvimento do milho entra em uma fase de maior resistência ao fator climático e somente uma geada muito intensa traria prejuízos muito severos, cenário que não tem previsão.
Temos boi magro com preços mais baixos e o milho (seus substitutos diretos), também com preços mais baixos. Não estou sugerindo confinamento, mesmo com o cenário descrito os custos de produção ainda são muito elevados, sem muita competitividade.
Nesta semana não é possível pensar em um ambiente diferente do ocorrido até agora. A segunda-feira começou sem sinalizações, com compradores fora do negócio em suas escalas confortáveis. Naturalmente, o pecuarista também prefere as negociações entre terça e quinta-feira, ainda mais depois das últimas quinta e sexta-feira, dias 19 e 20 de maio, com quedas expressivas nos valores da arroba.
Um ponto que destaco é a facilidade na aquisição de animais para engorda. Para quem faz a terminação o cenário ficou interessante, com isso, podemos ter uma continuidade na pressão de preços da arroba e demais categorias.
Para a semana: tenha calma e avalie bem suas condições de manutenção de animais e os preços, com suas projeções. Eles devem seguir caindo, em ritmo ligeiramente menor.