19/05/2022 às 13h45min - Atualizada em 19/05/2022 às 13h46min

Organização Meteorológica Mundial vê aumento na temperatura e mudança no ciclo de chuvas

Relatório preliminar da Organização Meteorológica Mundial, (OMM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), vem causando desconforto nos setores preocupados com as mudanças climáticas pelas quais o planeta vem passando.

Segundo o que é conhecido até aqui, existe 50% de possibilidade de aumento da temperatura da Terra em mais 1,5°C nos próximos 5 anos, acima dos níveis pré-industriais. O que ainda dá esperança é que a previsão desse aquecimento, por ora, será transitório.

O relatório mostra que há apenas 7 anos, as chances da temperatura ultrapassar 1,5°C era quase nula. Entre 2017 e 2021, a possibilidade cresceu 10% e, de agora até 2026, é de 50%. O crescimento é geométrico. Em 2026, temos 93% de chance de alcançar a maior temperatura registrada pelo homem até hoje, o que ocorreu em 2016.

O relatório indica ainda que existe a possibilidade da média da temperatura nos próximos 5 anos ser 90% maior do que os cinco anos anteriores. O secretário-geral da OMM, Pettero Taalas, está retornando aos números mais alarmantes expostos no Acordo de Paris, em 2015, seis anos antes da conferência do clima em Glasgow, na Escócia, em 2021.

Ele alerta que os números não são “aleatórios” e que eles vão levar a eventos climáticos muito mais prejudiciais para as pessoas e o planeta para além de tudo o que já vemos. Ele alerta que enquanto o homem emitir gases do efeito estufa, as temperaturas vão continuar aumentando, sem possibilidade de retorno.

Com isso, os oceanos continuarão a se aquecer, elevar os seus níveis, se tornarem ácidos, matarem a vida marinha e derreter o gelo que ele contém. “O nível do mar avançará e o clima se tornará mais extremo.”

Ele lembra que o Acordo de Paris foi feito para limitar o aquecimento até o ano 2100 em 2ºC. O aumento de 1,5°C em apenas um ano, não significa que o Acordo foi ignorado, mas se esse crescimento se mantiver o quadro será totalmente diferente. O resultado final do relatório será conhecido dia 18 deste mês de maio.

Um dado inexorável é que em 2021 a temperatura média foi de 1,1º acima da registrada antes do início da Revolução Industrial. As quedas pontuais da temperatura provocadas em 2021 pelo El Niño, foram cíclicas e não são o novo padrão.

O que pode mudar extrema e definitivamente?

Os piores aspectos são as mudanças radicais e próximas nas precipitações. Em 2022 devemos ter um padrão das médias de chuvas bem mais secas do que nos 10 anos anteriores. E esse novo padrão, que pode perenizar, vai atingir todo o planeta.

Haverá mais secas no sudoeste da Europa e da América do Norte, além de períodos de umidade no Sahel (que corta a Gâmbia, Mauritânia, Senegal, Mali, Burkina Faso, Argélia, Níger, Nigéria, Camarões, Chade, Sudão, Sudão do Sul e Eritréia, Etiópia, Djibuti e Somália), Nordeste do Brasil, Austrália, Alasca e Norte da Sibéria.

O dado mais impactante e grave do relatório é a previsão de uma seca definitiva na região Amazônica. Hoje, ela é a caixa d’água do Brasil e, principalmente, do agronegócio. A contradição da informação é que os trópicos serão mais chuvosos e os subtrópicos, cada vez mais secos.

O grave nessa discussão, é que quem detém o poder para mudar as coisas, ainda não se debruçou sobre o problema.

Fonte: Climatempo


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