23/06/2022 às 12h13min - Atualizada em 01/07/2022 às 16h16min

Eco-92: O legado e a consciência do planeta para seus problemas ambientais

Ao contrário do que pensam os pessimistas, o aniversário de 30 anos da Eco-92, ou Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro com presença de 178 chefes de estados, entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, é para ser festejado. Mesmo que as metas ali estabelecidas tenham sido ignoradas por parcela importante das nações, principalmente as mais ricas.

A Cúpula retirou a discussão sobre as mudanças climáticas e suas consequências da academia, do universo dos cientistas, e colocou na boca do povo em todo o planeta. Os ecologistas dizem que esse talvez tenha sido o maior legado da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Para o ambientalista Fábio Feldmann, do Centro Brasil no Clima, podemos dizer que “a Eco-92 iniciou o século 21”. Ele diz que, "em outras palavras: mudou o mundo.”.

O texto “Há 30 anos, Eco-92, no Rio de Janeiro, colocou mudança climática na pauta global”, do site Brasil de Fato, escrito pelo jornalista Edson Veiga, é possível ter uma compreensão dos motivos pelos quais, mesmo que as metas traçadas não tenham sido alcançadas, a Conferência realmente mudou o mundo.

Termos como “aquecimento global” e “catástrofe climática” entraram na agenda das massas populares de todos os países, dos governos, dos empresários e da juventude que vai enfrentar os momentos mais dramáticos que as transformações vão provocar. Há 30 anos, dois documentos, considerados os mais importantes sobre o tema, foram concebidos e assinados: a Carta da Terra e da Agenda 21, que até hoje são as diretrizes que balizam as tomadas de decisões sobre o assunto.

Vinte anos antes dela, em 1972, um evento em Estocolmo, na Suécia, o mundo começava a discutir o assunto. Mas foi ela quem reuniu, num dos momentos mais importantes para o planeta, 178 chefes de estado, provocou a definição do Protocolo de Quioto, o de Paris, e definiu os eventos anuais sobre o clima. O último foi em Glasgow, na Escócia. O próximo será no ano que vem, no Egito.

Os assuntos que ela colocou na boca do povo foram o efeito estufa, o desmatamento e a camada de ozônio. Feldmann diz que ela “consagrou a ideia do desenvolvimento sustentável, que se diferencia qualitativamente do crescimento econômico, e mostrou a necessidade de incorporar a sustentabilidade à agenda empresarial e dos governos."

Marcus Nakagawa, coordenador da Escola Superior de Propaganda e Marketing de Desenvolvimento Sustentável, diz que ela "foi referência para a mudança de mentalidade também nas empresas". E que "a importância do marketing para causas ecológicas é fundamental. Muitas organizações fazem todo um marketing social e ecológico ensinando as pessoas a importância de se olhar e preservar a natureza e esse movimento começou a crescer a partir da Eco-92”.

Embora seja o marco para o debate do meio ambiente sustentável, seus objetivos não foram alcançados. As maiores economias foram reticentes em assinar muitos acordos e implantá-los. As grandes corporações que ganham com os combustíveis fósseis fazem esforço para que não haja contenção do seu uso. Alguns países, por falta de rios para energia renovável ou sem condições, financeiras ou políticas, para combustível nuclear, ainda provêm suas termelétricas com carvão vegetal ou mineral.

A conferência também definiu o que são países desenvolvidos e países em desenvolvimento e o que os primeiros tinham que fazer para bancar o segundo time a resolver seus problemas ambientais. Pouco aconteceu. Mas os fatos, as mudanças climáticas, a carbonificação do planeta, os desastres naturais, e consequências dramáticas do desmatamento, estão empurrando o homem a cada dia que passa a buscar soluções.

Se os alertas dados em 1992 tivessem sido ouvidos, o mundo seria diferente e os problemas seriam bem menores. Nos últimos 10 anos o mundo avançou mais do que em cem anos na instalação de parques eólicos e painéis solares. O desmatamento podia estar em outro estágio. Durante 20 anos após a conferência, houve muita discussão e pouca ação. Mas ele deu a ignição para a largada das ações que podem salvar o planeta.


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