Ao assumir pela segunda-vez, quinze anos depois, o Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática (MMA), a deputada federal Marina Silva disse que “o papel do MMA não é ser um entrave às justas expectativas de desenvolvimento econômico e social de nossa população, mas de um facilitador, sem perda de qualidade, para orientar a forma como essas demandas podem ser atendidas sem prejuízo da necessária proteção de nossos recursos naturais. Haverá naturalmente tensões”, pontuou em seu discurso de posse.
A ministra assume o Ministério que acrescenta à sua nomenclatura o termo Mudança Climática porque, segundo ela, a mudança é imperativa dada a situação dos padrões climáticos e indica prioridade para essa emergência mundial. “Queremos destacar a devida prioridade daquele que é, talvez, o maior desafio global vivido presentemente pela humanidade. Países, pessoas e ecossistemas mostram-se cada vez menos capazes de lidar com as consequências e, comprovadamente, os mais pobres são os mais afetados”, diz.
A nova ministra afirmou que até março o projeto que propõe a criação da Autoridade Nacional de Segurança Climática vai ser apresentado à sociedade. Mais uma vez, disse que meio ambiente e desenvolvimento não são antagônicos. Para conciliar o crescimento e a proteção do Meio Ambiente, diminuir desmatamento, incêndios e a emissão de gases do efeito estufa, ela espera o envolvimento de todos os outros ministérios, em ações transversais, e a sociedade civil.
Para conseguir alcançar as metas que o novo governo propõe, foram criadas as secretarias do Controle do Desmatamento e Ordenamento Territorial, da Bioeconomia, da Gestão Ambiental Urbana e Qualidade Ambiental, e dos Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável. Ela também vai controlar o Serviço Florestal Brasileiro e da Agência Nacional de Águas, trazer de volta a prevenção e controle do desmatamento na Amazônia Legal.
A ministra promete retomar o protagonismo do Brasil nas discussões das mudanças climáticas e ressalta a necessidade do multilateralismo, até mesmo para a abertura de novos e de mercados que fazem restrições aos produtos brasileiros devido às ações no Meio Ambiente nos últimos anos.
“Vamos ter uma ação que respeita o multilateralismo, mas vamos atuar internamente para que o Brasil volte, em lugar de ser um pária ambiental, ser o país que vai nos ajudar a fazer com que a gente consiga finalizar o acordo com o Mercosul, que a gente consiga trazer os investimentos, que a gente consiga abrir os mercados para os nossos produtos” e que “se as pessoas querem produtos de base sustentável, aqui deverá ser o endereço”, afirmou.
Se a ministra vai conseguir reverter a destruição dos biomas brasileiros, ainda é uma incógnita. No entanto, a trajetória da nova ministra da área provoca expectativas positivas em vários setores. O agronegócio é o que mantém maior expectativa e espera pelo anúncio das medidas. O novo governo acredita que pode dobrar a produção de grãos usando apenas as áreas desmatadas e degradas que não estão sendo utilizadas.
Por mais que haja entre os militantes da esquerda restrições ao agronegócio, também é fato que ele é o setor mais desenvolvido tecnologicamente e que tem a infraestrutura necessária para produzir mais em uma mesma área ou revitalizar aquelas que estão abandonadas. O agronegócio não é e nem será o adversário das políticas de proteção ao meio ambiente e à abertura de mercados sofisticados para o escoamento de sua produção agrícola e pecuária.