É simbólico a ida da nova Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede de Sustentabilidade), ao Fórum Econômico Mundial, que acontece esta semana, em Davos, na Suíça. A simples presença da mais importante militante do meio ambiente e da preservação das florestas brasileiras é uma indicação ao resto do mundo e aos grandes investidores internacionais sobre os rumos da política que o novo governo vai imprimir nessa área de agora em diante.
Ao acompanhar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a indicação é que o desenvolvimento econômico no Brasil não abre mão de ser acompanhado de uma política de conservação do meio ambiente resolutiva, e não apenas um instrumento de marketing internacional. Deixarão claro que economia e meio ambiente caminham juntos e não separados. Outro recado importante é que as instituições democráticas estão fortes, apesar da invasão dos prédios dos 3 Poderes.
Para a opinião pública europeia, que pede restrições aos produtos agropecuários brasileiros como forma de inibir a derrubada de árvores e incêndios, principalmente na Amazônia, é um recado claro: a legislação e o agronegócio no Brasil têm instrumentos e tecnologia de ponta para eliminar os problemas e produzir sem a necessidade de provocar danos ao meio ambiente, com sustentabilidade.
Para além da opinião pública, os governos europeus sabem que a pressão imensurável sobre o Brasil se deve ao segmento agropecuário de seus países, que nos veem como um adversário comercial a ser eliminado. Sem receber subsídios e impor impostos e restrições alfandegárias à produção agrícola e pecuária brasileiras, os produtores europeus não sobrevivem.
No entanto, essa discussão não cabe ao Ministério do Meio Ambiente, apenas ao das Relações Internacionais que costura os acordos políticos e comerciais.
Dinheiro
Para discutir qualquer política de preservação do meio ambiente, é necessário se falar em fontes de investimentos. Para isso, a ministra tem uma agenda ininterrupta de conversas para reativar programas como o Fundo Amazônia, que era financiado pela Alemanha e Noruega. O Reino Unido manifestou interesse em entrar no grupo.
Antes de deixar o Brasil, Marina fez gestos que indicam aos governos e investidores que há uma nova postura do governo em relação ao tema. Um dos motivos foi nomear o deputado federal Rodrigo Agostinho como o novo presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). Agostinho também é um militante da sustentabilidade conhecido na Europa. Ele foi o presidente da Frente Parlamentar Ambiental e crítico feroz da política para o meio ambiente do governo anterior.
Com isso, para além da fiança que o nome de Marina Silva dá ao Brasil nessa área, ela também é uma peça importante na aproximação com os grandes importadores de alimentos que torcem o nariz quando se fala em produção agrícola brasileira. Para o governo Lula, a presença de Marina é bom para o Meio Ambiente. Melhor ainda para os negócios.