Brasil pode negociar minerais críticos e terras raras com os EUA, diz Haddad

Ministro da Fazenda afirma que recursos estratégicos como lítio e nióbio podem integrar acordo bilateral; governo prepara plano para enfrentar tarifaço americano

- Da Redação, com Agência Brasil
05/08/2025 08h51 - Atualizado há 1 dia
Brasil pode negociar minerais críticos e terras raras com os EUA, diz Haddad
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira (4) que o Brasil poderá incluir minerais críticos e terras raras nas negociações comerciais com os Estados Unidos. A medida surge em meio às tensões provocadas pelo chamado "tarifaço" anunciado pelo governo de Donald Trump, que deve entrar em vigor na próxima quarta-feira (6).
 

Segundo Haddad, a possibilidade de um acordo envolvendo esses recursos estratégicos é real, e pode abrir caminho para parcerias em setores de alta tecnologia. “Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, declarou o ministro em entrevista à BandNews.
 

Entre os minerais considerados estratégicos estão o lítio e o nióbio, insumos fundamentais para a produção de baterias elétricas e processadores voltados para inteligência artificial (IA). O governo brasileiro também tem avançado na elaboração de um novo marco regulatório para IA e datacenters, setores diretamente ligados à demanda por esses minerais.

 

Plano contra o tarifaço
 

Além das negociações com os EUA, Haddad confirmou que o governo federal finalizou um plano de contingência para minimizar os efeitos das tarifas sobre os setores mais impactados. A expectativa é de que as medidas sejam anunciadas até quarta-feira. Entre as ações previstas estão linhas especiais de crédito e estímulo a compras governamentais.
 

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou que o plano já está pronto. A proposta busca dar fôlego às empresas brasileiras diante da taxação extra, que afeta principalmente exportações do agronegócio e da indústria de transformação.

 

Possíveis exceções
 

Haddad não descartou a inclusão de novos produtos na lista de exceções dos Estados Unidos antes do início da vigência das tarifas. “Creio que alguma coisa ainda pode acontecer até o dia 6. Pode acontecer, mas não trabalhamos com data fatídica. Não vamos sair da mesa de negociação até que possamos vislumbrar um acordo”, disse o ministro, reforçando que o Brasil não aceitará os termos atuais, que considera prejudiciais.
 

Um dos setores que pode ser beneficiado com a exclusão da lista é o do café. Após reunião com Alckmin, o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcio Ferreira, afirmou que há 50% de chances de o grão ser retirado da tarifa de 50%.
 

As negociações seguem em ritmo intenso, com o governo brasileiro tentando equilibrar a defesa de seus setores produtivos e a manutenção de boas relações comerciais com os Estados Unidos.


 

 


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