Granizo atinge cafezais no Sul de Minas e compromete safra de 2026

Fenômeno fora de época causa prejuízos em mais de 15 municípios e leva produtores a adotar ações emergenciais

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
29/07/2025 09h14 - Atualizado há 1 dia

Uma tempestade de granizo fora do padrão climático atingiu, na tarde da última sexta-feira (25), plantações de café em pelo menos 15 municípios do Sul de Minas Gerais, provocando prejuízos expressivos na safra de 2026. De acordo com relatos de produtores e técnicos, os danos envolvem queda de frutos, quebra de ramos, perda de folhas e risco elevado de doenças fúngicas.

"Tenho 41 anos e nunca vi algo assim por aqui", disse Leandro José, cafeicultor em Bom Jesus da Penha, onde estima perdas superiores a 50% em sua lavoura de 1 hectare. Em uma área vizinha, a irmã do produtor perdeu metade da produção ainda por colher em seis hectares.

As chuvas de granizo afetaram municípios como São Sebastião do Paraíso, Guaxupé, Muzambinho, Nova Resende, Alpinópolis, Passos, entre outros. O engenheiro agrônomo Jonas Leme Ferraresso explicou que eventos como esse não são comuns no inverno. "De setembro a novembro é o período mais favorável para granizo, mas em julho é bastante raro", afirmou.

Os impactos nas lavouras preocupam especialistas. O granizo provoca lesões que facilitam a entrada de doenças como antracnose e phoma. "O desfolhamento compromete a capacidade da planta reter a florada, o que pode comprometer ainda mais a produção do ano que vem", explica Ferraresso.

Diante do cenário, o professor da UFLA José Donizeti Alvez recomenda a aplicação imediata de fertilizantes foliares, micronutrientes e bioestimulantes para acelerar a recuperação das plantas. "Esses produtos ajudam a mitigar o estresse oxidativo e retomam as funções fisiológicas do cafeeiro", explicou em artigo técnico publicado nesta segunda-feira (28).

Em Alpinópolis, um cafeicultor já iniciou os trabalhos de contenção dos danos. "A perda vai ser grande, mas comecei as pulverizações para evitar infecções por fungos e bactérias", contou.

Do ponto de vista financeiro, o sócio-diretor da Pine Agronegócios, Vicente Zotti, orienta que os produtores façam laudos agronômicos o quanto antes. "Com esse laudo, o produtor pode renegociar dívidas junto aos bancos e se preparar para a frustração de receita na safra 2026", alertou.

A Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas também está mobilizada. O presidente Fernando Barbosa informou que está sendo elaborado um levantamento técnico para dimensionar os prejuízos e que uma carta já foi enviada ao governador Romeu Zema solicitando o adiantamento de linhas de crédito emergenciais. "Pedimos que todos os produtores documentem os danos com fotos e relatórios técnicos para que possamos organizar uma resposta sólida e articulada", afirmou.

O episódio levanta alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas e a necessidade de estratégias preventivas e políticas públicas que apoiem o setor diante de eventos extremos cada vez mais frequentes

 


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