Governo prepara plano para socorrer setores afetados por tarifa de 50% dos EUA

Haddad diz que Casa Branca dificulta negociações, mas mantém esperança em acordo até agosto

- Da Redação, com Agência Brasil
24/07/2025 09h25 - Atualizado há 4 dias
Governo prepara plano para socorrer setores afetados por tarifa de 50% dos EUA
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal concluiu a elaboração de um plano de contingência para amparar setores da economia brasileira impactados pela nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (23) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou que as medidas devem ser apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana.

O plano foi desenvolvido por equipes técnicas dos ministérios da Fazenda, Indústria e Relações Exteriores, com base em diretrizes definidas por Haddad e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. A proposta ainda será avaliada pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Rui Costa (Casa Civil) antes de ser encaminhada ao presidente, que tomará a decisão final.

Apesar da preparação do pacote de apoio, o ministro reiterou que a prioridade do governo é tentar reverter as tarifas por meio da diplomacia. No entanto, segundo Haddad, a Casa Branca tem evitado o diálogo direto.

“Estamos falando com a equipe técnica da Secretaria do Tesouro [dos EUA], mas não com o secretário Scott Bessent”, afirmou. De acordo com ele, Alckmin também tentou contato com autoridades americanas, mas sem retorno concreto.

Haddad classificou a resistência norte-americana como um entrave estratégico e político. “A informação que temos é que o Brasil tem razão em querer sentar à mesa, mas o tema está concentrado na assessoria da Casa Branca, dificultando o entendimento do movimento que eles farão”, explicou.

Ainda assim, o ministro disse que há otimismo, citando acordos recentes dos Estados Unidos com países como Vietnã, Japão, Indonésia e Filipinas, além de avanços nas conversas com a União Europeia.

Com a tarifa prestes a entrar em vigor em 1º de agosto, o governo brasileiro ainda tenta evitar o agravamento da crise comercial. “Podemos chegar a essa data com algum aceno de acordo, mas para isso precisamos dos dois lados na mesa. O Brasil nunca saiu da negociação”, reforçou Haddad.

O ministro também comentou os esforços de governadores em oferecer apoio aos setores atingidos. Ele elogiou a iniciativa, mas ponderou que as ações locais têm alcance limitado diante do volume de exportações em risco. “Uma linha de R$ 200 milhões representa US$ 40 milhões. Estamos tratando de um impacto sobre US$ 40 bilhões em exportações”, disse, citando o crédito anunciado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Haddad, no entanto, reconheceu que a mobilização estadual tem valor simbólico e político. “É bom ver os governadores compreendendo que se trata de um problema do Estado brasileiro. Finalmente estão deixando de celebrar uma agressão ao Brasil e caindo na real”, concluiu.


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