Brasil rumo a recorde de exportação de carne bovina, apesar de tarifas americanas

Analista prevê que o país preencherá lacunas deixadas por concorrentes, mesmo com a queda nas vendas para os EUA; setor pecuário enfrenta pressão no mercado interno

- Da Redação, com Canal Rural
23/07/2025 08h37 - Atualizado há 1 semana
Brasil rumo a recorde de exportação de carne bovina, apesar de tarifas americanas
Foto: reprodução

O Brasil está a caminho de estabelecer um novo recorde de exportação de carne bovina em 2025, mesmo com a significativa queda nas compras pelos Estados Unidos nos últimos três meses. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, compilados pela Abiec, mostram uma retração de 80% nas vendas da proteína animal para o mercado norte-americano nesse período.
 

No entanto, Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, destaca que, ao analisar o primeiro semestre de 2025, os embarques para os EUA subiram quase 100% em comparação com o mesmo período de 2024. Apenas junho apresentou declínio nas exportações, mas o saldo geral ainda é muito positivo. "O Brasil vendeu muito para o mercado norte-americano", afirma Iglesias. A queda em junho, de 74 mil toneladas em abril para 31 mil toneladas, reflete as necessidades de demanda dos EUA, que já haviam feito grandes compras.
 

A despeito das medidas impostas pelos Estados Unidos, o Brasil mantém um volume expressivo de fornecimento para o mercado asiático, incluindo China e Oriente Médio. Essa diversificação tem resultado em um desempenho "espetacular" nas vendas de carne bovina na atual temporada, segundo o especialista.
 

Mesmo com o adicional tarifário de 50% imposto pelos EUA (que torna as vendas para lá inviáveis), Iglesias acredita que o Brasil continuará exportando grandes volumes de carne bovina, alcançando um novo recorde em 2025. O "tarifaço" americano, no entanto, intensificou a queda nos preços da arroba no mercado interno. A entrada de animais confinados e contratos a termo gerou uma posição confortável para a indústria, e as tarifas dos EUA aumentaram essa pressão baixista. Como resultado, o preço da arroba em São Paulo perdeu o patamar de R$ 300, sendo negociada entre R$ 290 e R$ 295.
 

O analista vislumbra que Austrália, Uruguai e Argentina serão os principais beneficiados com a ausência da carne brasileira no mercado norte-americano. Contudo, isso pode gerar uma reorganização no comércio global, abrindo espaço para o Brasil atender outros mercados que esses países eventualmente deixem de lado. Iglesias sugere que o Brasil deve ampliar sua presença em países que já são compradores e buscar novos destinos, como Japão e Coreia do Sul.

 

 


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