A tarifa extra de 50% imposta pelos Estados Unidos à carne brasileira deve reduzir o lucro das indústrias, mas não provocar queda na produção nem cortes de empregos, segundo avalia Sérgio Capuci, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems) e executivo da Naturafrig. Ele afirma que o impacto é nacional, não restrito ao estado, e que o setor vai buscar novos destinos para manter o ritmo.
Capuci destacou que quem paga a taxa é o importador, mas que muitos compradores americanos já avisaram não ter como absorver o custo extra, o que inviabilizou as vendas. Apesar disso, ele acredita que não haverá redução da produção nem demissões. Ele também citou a pressão do importador americano junto ao governo daquele país.
“As empresas vão apertar a margem e o boi também, mas não deve ter desemprego porque o setor já vinha com déficit de mão de obra. Vamos continuar produzindo e redirecionar para a China, Chile e Oriente Médio, além de aumentar a oferta interna”, afirmou.
No Mato Grosso do Sul, frigoríficos como JBS, Naturafrig, Minerva Foods e Agroindustrial Iguatemi suspenderam a produção exclusiva para o mercado americano para evitar estoque parado, já que a tarifa começa a valer em 1º de agosto e os embarques levam cerca de 30 dias. A informação foi confirmada pelo governo do estado e pelo Sincadems, que ressaltaram que a produção para outros destinos segue normal.
A Naturafrig informou em nota que suspendeu temporariamente o envio de carne bovina in natura para os Estados Unidos a partir das unidades de Rochedo (MS) e Pirapozinho (SP). A empresa disse que a decisão foi tomada em conjunto com clientes e outros frigoríficos, e que está redirecionando estoques para outros mercados, mantendo o compromisso com qualidade e sustentabilidade.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), houve uma “redução significativa” no fluxo de produção destinado aos EUA. O presidente da entidade, Roberto Perosa, disse que os frigoríficos já interromperam essa produção e que há 30 mil toneladas de carne — equivalentes a até US$ 160 milhões — em trânsito para o país, gerando apreensão sobre o que será feito com as cargas.
No Mato Grosso, a Acrimat (Associação dos Criadores do Mato Grosso) informou, por meio da assessoria, que como não houve paralisação no estado, não vai se manifestar neste momento sobre o impacto do tarifaço americano. Enquanto isso, o setor em todo o Brasil trabalha para ampliar exportações para a Ásia e Oriente Médio, na tentativa de compensar as perdas com o mercado dos EUA.