Ideologia, eu quero uma para viver? O alto preço do antiamericanismo no colo do agro

Bruno Sbrogio
21/07/2025 09h39 - Atualizado há 1 dia
Ideologia, eu quero uma para viver? O alto preço do antiamericanismo no colo do agro
Foto: reprodução

As notícias da última semana foram complicadas para nós brasileiros, e pior, é que a tendência é piorar. Eu, como comentarista há muitos anos, tenho como princípio ser um crítico sutil, entendendo que minha percepção não é a única, e que existem outras formas de entender o tema em questão. Desta vez, porém, adotarei um tom mais direto, porque percebo a urgência de posicionar contra algo que está evidentemente errado. 

Não é de hoje que sabemos que o PT é um partido de esquerda, e Lula é seu maior expoente. Também não é novidade que a esquerda tem, historicamente, postura antiamericana. Soma-se a isso, a postura pública de Lula abertamente contrária a Trump. 

O terceiro mandato de Lula está sendo, de longe, o mais ideológico. Vários princípios de esquerda estão sendo utilizados, mesmo em um momento em que esse não se mostra como o melhor caminho. O aumento de taxas, regulações, impostos, auxílios, o crescimento do aparato público, assim como a elevação de gastos visando estímulo econômico são saídas típicas da esquerda. Tudo isso está sendo feito, ainda que cause o aumento da dívida e eleve os juros algo já sentido na economia. 

Tudo isso, no entanto, é passível de discussão e, embora eu seja crítico, existem argumentos a favor. A discussão é viável e podem ser apresentados argumentos. 

O mesmo não se aplica à postura do governo brasileiro com relação ao governo americano. Lula, que reclamava da postura ideológica de seu adversário Bolsonaro enquanto presidente faz pior: dirige o governo brasileiro como se estivesse em uma disputa pessoal contra Trump, transformando o que deveria ser uma postura de governo, em uma postura pessoal e partidária, cujo resultado desastroso recai sobre povo, esmagando a economia.

O Estado brasileiro não pode ser de esquerda, nem de direita, nem de centro. Política é de Estado, pragmático, não de partido - serve ao povo brasileiro. Deve buscar sempre o melhor resultado ao povo, acima das ideologias. Não cabe ao presidente de ocasião usar do aparato estatal e do cargo para vendeta política, seja caçando oponentes, seja para o enfrentamento de seus adversários ideológicos internos ou externos.

O cenário degringolou quando Lula transforou o presidente norte-americano em seu adversário ideológico. Nos últimos meses, sem motivo evidente, Lula passou a criticar a gestão Trump. O Brasil, que até então estava esquecido pelos EUA, virou alvo prioritário ao criticar a ação militar dos americanos no Irã, sua política de taxação, fazer ataques as big techs americanas e questionar o dólar como moeda global. Trump avisou que qualquer país que questionasse o dólar seria retaliado. Lula ignorou o aviso, atacando o dólar novamente na última reunião dos BRICS. 

Essa atitude temerária nos colocou no centro de um furacão do qual o país havia se esquivado até então. Não há nenhuma vantagem na política de enfrentamento escolhido pelo governo petista. O agro será profundamente afetado, as exportações perderão mercado expressivo e setores inteiros estão em risco porque o governo brasileiro age como um partido político. Ele vira às costas para o bem da nação e, como um tolo, quer impor suas ideias no grito, como fazia as velhas lideranças partidárias nas assembleias de DCE do século passado. Mas, dessa vez, usando do Brasil e seu povo, colocando em risco a sobrevivência e o ganha pão de milhões de brasileiros, por uma retórica ideológica absurda.

Enquanto outros países buscam a negociação, o Brasil eleva o tom. Deseja a política de reciprocidade e, não suficiente, adota um discurso de soberania absolutamente vazio para justificar colocar um país com 210 milhões de pessoas à beira de uma disputa comercial em que só pode sair perdedor. Tudo isso para dizer que não abaixou a cabeça, enquanto todos os outros usaram de prudência. Não é covardia fugir quando se encontra um leão faminto e solto na rua, tolo é quem o enfrenta.

O governo americano percebeu a radicalização do governo brasileiro, uma voz cada dia mais antiamericana. Percebeu também o alinhamento com seus inimigos Rússia e China. Agora, os EUA analisam outros meios ainda mais contundentes para evitar que o Brasil continue neste processo, mostrando que talvez esse seja apenas o início das dores.

Os mercados já começaram a cair, o dólar a se valorizar. Podemos rapidamente virar um párea internacional com uma canetada de Trump. Não há nada que justifique a posição de confronto do Brasil. Para sustentar essa disputa desnecessária, o governo Lula ignora todo setor produtivo e as terríveis consequências desse enfrentamento, rifando de cara o agro especialmente os produtores de carne, laranja e café. Um prejuízo tão grande que é difícil quantificar.

Os EUA não são nosso adversário, e nunca foram em nenhum momento de nossa história. É hora da racionalidade e da prudência voltarem a governar esse país antes que seja tarde demais. Quando a ideologia entra por uma porta, o pragmatismo e a racionalidade saem pela outra.


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