A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) reuniu-se nesta terça-feira (15) com representantes das principais cadeias produtivas para discutir o novo pacote tarifário imposto pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prevê sobretaxa de até 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), alertou para o risco iminente à economia brasileira e cobrou ação imediata do governo federal.
“Faltam duas semanas para as tarifas começarem a valer. O governo precisa se movimentar com a mesma intensidade que temos adotado aqui no Congresso”, disse.
A preocupação é generalizada em setores como celulose, açúcar, etanol, cacau, pescados, carne bovina, ovos, suco de laranja e café. Marcos Matos, diretor do Cecafé, lembrou que o Brasil exportou 8,1 milhões de sacas de café para os EUA em 2023, país que tem 76% da população consumidora. “Um não vive sem o outro”, afirmou.
Marcelo Osório, da ABPA, destacou que os EUA são o segundo maior comprador da carne bovina brasileira: “Se houver sobra de boi no mercado interno, o consumo de aves e suínos também será pressionado.”
Já Guilherme Nolasco, da UNEM, alertou para o risco de colapso no setor de etanol de milho: “Investimos R$ 40 bilhões nos últimos dez anos. Sem tarifas, o etanol americano pode destruir nosso mercado.”
A FPA propôs que o governo peça uma prorrogação de 90 dias para o início das tarifas e monte um plano emergencial para cargas já embarcadas.
“Não podemos aplicar reciprocidade antes de esgotar as negociações”, disse Guilherme Rank, da FIEP.
O ex-secretário do MDIC, Welber Barral, classificou o pacote como estratégia agressiva de Trump, com forte componente eleitoral, e alertou para o risco de escalada tarifária global. A FPA prepara ainda articulações diretas nos EUA e negociações multilaterais para tentar reverter o cenário.