Setor agrícola expõe prejuízos com tarifas dos EUA e pede que retaliações sejam evitadas

Frigoríficos interrompem produção para os EUA e exportadores temem perda de mercado com tarifa de Trump

- Da Redação, com Agência Brasil
16/07/2025 09h25 - Atualizado há 16 horas
Setor agrícola expõe prejuízos com tarifas dos EUA e pede que retaliações sejam evitadas
Foto: Reprodução

Brasília viveu nesta terça-feira (15) uma forte mobilização do agronegócio brasileiro em torno do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos aos produtos nacionais. Representantes de setores como carne, frutas e café reuniram-se com o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros para debater estratégias que revertam a decisão americana.

O presidente da Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, foi direto: com a nova tarifa, exportar carne bovina aos EUA se torna inviável. Ele revelou que frigoríficos já suspenderam parte da produção, enquanto 30 mil toneladas estão paradas em portos ou a caminho dos EUA.

“Nossa sugestão imediata é prorrogar o início da taxação. Precisamos ganhar tempo para contratos em andamento. Esse 50% tornaria inviável”, disse.

O setor de frutas também se mostrou apreensivo. Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas, destacou o “pânico” entre produtores de manga, que já contrataram 2,5 mil contêineres para o mercado americano.

“Não tem como mandar para a Europa, não há logística. Nem colocar tudo no mercado interno, pois colapsaria os preços. É preciso urgência”, afirmou.

O setor de laranja, que envia 70% do suco consumido nos EUA, também pediu diálogo. Já o café brasileiro, responsável por um terço do consumo norte-americano, foi defendido por Márcio Ferreira, do Cecafé, que elogiou o governo pelas articulações e pediu confiança no entendimento.

“O café brasileiro é o preferido nos EUA. Vamos achar uma solução benéfica para todos”, disse.

As entidades pediram ao governo brasileiro cautela para não adotar medidas retaliatórias, o que poderia agravar a crise. Nesse sentido, Alckimin pontuou que o diálogo é prioridade do governo.

“O compromisso do governo é com o diálogo, articulando com empresários, exportadores e seus parceiros nos EUA para reverter esse quadro”, afirmou Alckmin.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reforçou que a orientação do presidente Lula é investir na diplomacia. “Estamos ouvindo o setor para entender as angústias e buscar alternativas”, disse.


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