A tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados do Brasil, que entra em vigor a partir de 1º de agosto, acendeu um sinal de alerta para o setor cafeeiro nacional. O consultor da Safras & Mercado, Gil Barabach, avalia que a medida deve impactar diretamente as exportações brasileiras de café para o mercado norte-americano, que é o principal destino individual do grão produzido no país.
“Os EUA são o principal comprador do café brasileiro. Essa tarifa pode fazer a indústria americana repensar seus fornecedores e buscar alternativas, embora a participação do Brasil no mercado global seja tão relevante que será difícil os americanos abandonarem totalmente o nosso produto”, analisa Barabach.
Segundo ele, mesmo com possibilidade de redirecionar parte das exportações para outros mercados, haverá necessidade de um grande ajuste na logística e nas negociações do café brasileiro.
Ainda pesa a dúvida sobre a política tarifária americana em relação a outros países exportadores. Barabach lembra que o Vietnã, por exemplo, já sofre uma taxação de 20%, mas exporta majoritariamente café robusta, enquanto o Brasil envia sobretudo arábica para os Estados Unidos.
“Enfim, deve mexer e afetar o fluxo de vendas do Brasil para os EUA. Mas ainda é cedo para dimensionar o estrago. O certo é que a decisão é ruim para as nossas exportações”, avalia.
Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que os EUA importaram 2,874 milhões de sacas de café brasileiro entre janeiro e maio deste ano, o equivalente a 17,1% do total embarcado pelo país. Apesar de seguir na liderança, houve recuo de 17,4% em relação ao mesmo período de 2024, tendência que pode se acentuar com o impacto da nova tarifa.