O preço do frango registrou queda superior a 15% no estado de São Paulo nas últimas semanas, pressionado pelo excesso de oferta e pelo impacto da notificação de gripe aviária no setor. Desde a confirmação do primeiro caso da doença em Montenegro (RS), o mercado passou a operar com forte retração, afetando tanto o frango vivo nas granjas quanto os produtos processados no atacado.
De acordo com a Scot Consultoria, a cotação do frango vivo em São Paulo caiu de R$ 6,50 para R$ 5,50 por quilo, uma queda de 15,38%. No atacado paulista, a baixa foi de 15,43%, com o valor do quilo passando de R$ 8,10 para R$ 6,85.
A tendência de desvalorização se confirma nos dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O preço do frango congelado caiu 15,17% no período, saindo de R$ 8,70 para R$ 7,38 por quilo. Já o frango resfriado teve recuo de 14,42%, com a cotação reduzida de R$ 8,81 para R$ 7,54.
No Paraná, a situação também é preocupante. O frango vivo passou a ser negociado por R$ 4,85/kg, com recuo de 7,44% em apenas um dia.
Apesar da queda nos preços, a expectativa de aumento no consumo com a virada do mês pode ajudar a escoar os estoques, segundo analistas. Além disso, o fato de não haver novos registros da doença em granjas comerciais mantém viva a esperança de flexibilização nas exportações. O Brasil trabalha para restabelecer a normalidade no comércio internacional de carne de frango.
Por outro lado, o custo de produção não acompanhou a queda nas receitas. O milho principal insumo da alimentação das aves recuou de forma tímida. Em Rio do Sul (SC), a saca passou de R$ 66,00 para R$ 63,00, queda de apenas 4,55%. Em Campinas (SP), o indicador do Cepea aponta baixa de 5,54%, com o valor atual em R$ 69,02.
A disparidade entre a queda nos preços do frango e a leve baixa no milho deteriora a relação de troca para o avicultor, que agora precisa vender mais quilos de carne para adquirir a mesma quantidade de insumo. Isso reduz a margem de lucro e torna a atividade mais arriscada.
Conforme a Scot Consultoria, alguns fatores climáticos ajudaram a evitar quedas ainda mais acentuadas, como as chuvas excessivas na Argentina e o risco de geadas no Paraná e em Mato Grosso do Sul, que ameaçam a safrinha de milho.
Matheus Pereira, sócio-diretor da Pátria Agronegócios, explica que a atual safra de milho no Brasil é considerada regular e que a demanda internacional pelo grão está mais fraca. “Os chineses seguem comprando soja em grande volume, mas o interesse pelo milho brasileiro não é o mesmo de 2023. No mercado interno, no entanto, o consumo segue aquecido”, afirmou.