A fertirrigação, que une a irrigação com a aplicação de fertilizantes, está sendo estudada há quatro anos pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em parceria com a Yara Brasil. Os resultados parciais da pesquisa indicam que a prática pode trazer ganhos significativos à produção de citrus.
O estudo tem como foco avaliar os efeitos do uso de nitrato de cálcio, sozinho ou em combinação com nitrato de amônio, em pomares submetidos à fertirrigação. Entre os principais benefícios observados estão o aumento da produtividade, a menor dependência de fungicidas e a redução da incidência de podridão floral.
Segundo Leandro Soares, gerente sênior de agronomia da Yara Brasil, a técnica pode ser aplicada até diariamente, proporcionando nutrição contínua às plantas ao longo do ciclo produtivo.
“Com o nitrato de cálcio em citrus, tivemos nesse estudo o aumento da produtividade em um terço. Lembrando que o cultivo fertirrigado já é de alto patamar produtivo, então conseguir aumentar nessa proporção é ainda mais significativo. Tivemos, na mesma ordem de grandeza, a redução de doenças.”
Além de estimular a estrutura reprodutiva das plantas, o fornecimento adequado de nitrato de cálcio via fertirrigação também demonstrou reduzir a necessidade de defensivos e diminuir em cerca de 30% os casos de podridão floral, doença conhecida popularmente como estrelinha.
A podridão floral pode causar a queda precoce dos frutos cítricos, comprometendo severamente a produção, com perdas que chegam a 80%. Estudos da Embrapa apontam que o problema é causado por fungos que permanecem nas plantações entre as floradas. Quando chove, a água carrega resíduos das flores para as folhas, fazendo com que o fungo libere esporos, que acabam infectando novamente as flores.
O pesquisador Dirceu Mattos Junior, do Centro de Citricultura do IAC, explica que as investigações sobre o papel do cálcio no controle dessa doença vêm sendo feitas desde o final dos anos 1990.
“Parte dos tratamentos que eram testados e que nós estudávamos, aqueles que tinham recebido um tanto mais de cálcio via fonte nitrato de cálcio, nós tínhamos menos doença e isso nos chamou a atenção e nos deu a oportunidade de continuar esses estudos em diferentes etapas até chegar nesse último que durou quatro anos. Então nós temos vários anos de trabalho estabelecidos no campo.”
Ele destaca que, embora os resultados ainda não representem uma solução definitiva para a podridão floral, o estudo traz avanços importantes ao demonstrar o papel do cálcio na resistência das plantas e do nitrogênio em seu desenvolvimento.
