A produção brasileira de etanol registrou recorde em 2024, com 36,83 bilhões de litros, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA). O destaque ficou para o etanol de milho, que alcançou 7,7 bilhões de litros, alta de 32,8% em relação a 2023, consolidando o Brasil como o segundo maior produtor mundial dessa matriz, atrás apenas dos Estados Unidos.
O avanço é impulsionado pela queda de 10,5% no custo de produção do etanol de milho, que passou de R$ 2,10/litro para R$ 1,88/litro. No sentido oposto, o etanol de cana registrou alta de 6,3% nos custos, subindo para R$ 2,36/litro. A diferença entre as duas matrizes saltou de R$ 0,12 para R$ 0,48 por litro, favorecendo a competitividade do milho.
Investimentos privados superiores a R$ 20 bilhões já estão comprometidos para expansão da capacidade produtiva nos próximos anos. O BTG Pactual projeta que a participação do etanol de milho na produção nacional deve dobrar, passando de 20% para 40% até 2030, impulsionada também pelo aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina, de 27,5% para 30%.
Especialistas, como Carlos Cogo, apontam que a vantagem competitiva do milho, somada à expansão das biorrefinarias, pode redefinir a matriz energética brasileira. Já representantes do setor sucroenergético, como José Guilherme Nogueira, da Orplana, alertam que o crescimento rápido do milho pode gerar pressão sobre os preços da cana nos próximos anos.
A Inpasa, maior produtora nacional de etanol de milho, também registrou recorde, com 3,7 bilhões de litros produzidos em 2024, respondendo por quase metade do total do país. Em 2025, a chegada da empresa a Balsas (MA) deve alterar a dinâmica agrícola do sul do estado, com aumento da demanda pelo grão e estímulo a investimentos logísticos.