A nutrição de precisão tem se consolidado como um dos pilares para a eficiência produtiva na pecuária racional. Atender de forma adequada às exigências nutricionais dos bovinos é condição essencial para que o rebanho expresse seu potencial genético, resultando em maior produtividade, melhor desempenho econômico e sistemas mais adaptados aos desafios atuais.
Com os avanços da pesquisa aplicada, elementos antes pouco explorados, como o cromo, vêm ganhando relevância no manejo nutricional. Isso reforça a importância de uma abordagem integrada, que considera desde a qualidade das pastagens e da água até a formulação criteriosa dos suplementos minerais utilizados.
A adequação nutricional vai além do fornecimento de energia e proteína. Micronutrientes como cobalto, cobre, cromo, ferro, iodo, manganês, selênio e zinco desempenham funções metabólicas essenciais, atuando na resposta imunológica, defesa antioxidante, metabolismo hormonal e saúde reprodutiva. No entanto, sua eficácia depende diretamente da forma de apresentação e da biodisponibilidade no trato digestivo dos animais.
A utilização de minerais na forma orgânica, como quelatos ou complexos ligados a aminoácidos, representa um avanço significativo em relação às fontes inorgânicas tradicionais, como sulfatos e óxidos. Os microminerais orgânicos apresentam maior estabilidade e absorção, reduzindo perdas no ambiente e promovendo respostas produtivas superiores. Essa vantagem está associada à sua maior resistência à interação com outros compostos na digesta, o que garante maior disponibilidade na forma ativa ao nível celular.
Diversos estudos têm demonstrado os efeitos positivos do uso de microminerais orgânicos sobre os índices produtivos. A suplementação com essas fontes tem resultado em melhora significativa no ganho médio diário (GMD), na eficiência alimentar e na produção de leite, especialmente em situações de desafio térmico, sanitário ou nutricional. Também há evidências de impacto positivo sobre a fertilidade, com aumento das taxas de concepção e desmame. Comparações entre fontes orgânicas e inorgânicas evidenciam diferenças no desempenho zootécnico (Tabela 1).
Tabela 1 – Efeito de zinco orgânico no desempenho de bovinos em crescimento e terminação (Spears, 1996).
Para maximizar os benefícios da suplementação com microminerais orgânicos, é necessário um diagnóstico preciso das condições do sistema de produção. Isso inclui a análise bromatológica das forragens, a qualidade da água, a composição dos concentrados e a adequação das doses de macro e microminerais às exigências dos diferentes grupos animais.
A uniformidade na oferta dos suplementos também é fator crítico. Sistemas de distribuição eficientes, seja no pasto ou confinados, asseguram consumo homogêneo e evitam perdas por subdosagem ou superdosagem. O monitoramento contínuo dos resultados produtivos, associado à avaliação de indicadores zootécnicos e econômicos, permite ajustes dinâmicos no manejo nutricional.
O uso de tecnologias de apoio à gestão nutricional, como softwares especializados e monitoramento constante, amplia a capacidade de tomada de decisão e torna o processo mais eficiente. Esses sistemas permitem acompanhar a resposta produtiva em tempo real, facilitando intervenções pontuais e melhorando o controle dos custos operacionais.
Investir em uma estratégia de alimentação de precisão, que considera a interação entre forragens, concentrados e suplementação mineral, é essencial para alcançar resultados consistentes. O uso criterioso de microminerais orgânicos, dentro de um programa nutricional bem estruturado, contribui para o aumento da eficiência alimentar, redução do impacto ambiental e elevação da rentabilidade do sistema.
A adoção desse modelo nutricional depende do alinhamento entre conhecimento técnico, análise sistemática dos dados de campo, aplicação das tecnologias disponíveis e rentabilidade da atividade. A atualização constante frente às evidências científicas e às inovações do setor é o que sustenta uma pecuária cada vez mais eficiente, competitiva e sustentável.