Aumento do IOF e a espiral do déficit: o custo do Governo no bolso do contribuinte

Bruno Sbrogio
26/05/2025 09h17 - Atualizado há 4 dias
Aumento do IOF e a espiral do déficit: o custo do Governo no bolso do contribuinte
Foto: reprodução

O problema do déficit público está se agravando a cada dia. A situação crítica das contas do governo continua a se deteriorar, e uma coisa é certa: ele não pretende realizar os cortes necessários. A alternativa restante passa a ser encontrar novas formas de aumentar a arrecadação. Sem cortes, só resta esperar novos aumentos de impostos.


Desde o fracasso da proposta da equipe econômica de compartilhar os dados do PIX com a Receita Federal visando melhorar a fiscalização e diminuir a sonegação, o governo tem buscado novas maneiras de aumentar a arrecadação. Porém, a tentativa anterior foi desastrosa para a popularidade do governo. Agora, a estratégia é recorrer ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), um imposto de menor visibilidade, porém de grande impacto econômico e no crescimento do país.

Ao anunciar o aumento do IOF, o governo afetou diretamente interesses de grandes grupos econômicos, que reagiram prontamente usando sua influência para pressionar o governo a recuar em alguns pontos. Esse recuo revela que a equipe econômica atua sem direção clara, e a busca por aumentar a arrecadação está cada vez mais difícil.

O novo aumento tem efeito perverso: eleva o custo do crédito, desestimula o consumo e o investimento produtivo, reduz a atividade econômica e freia o crescimento. Além disso, dificulta o acesso a financiamentos, que somado aos encargos fiscais aumenta o incentivo para práticas de informalidade e evasão, o que na prática prejudica a arrecadação e enfraquece o sistema financeiro formal, na contramão do que pretende a equipe econômica. 


O impacto se estende ao câmbio, pois o encarecimento das operações financeiras reduz a atratividade para investimentos estrangeiros, pressiona a moeda local e, potencialmente, acelera a inflação. Esse ciclo vicioso, marcado pela retração econômica e perda de confiança no ambiente de negócios, agrava a percepção de risco e dificulta a estabilidade econômica, tornando o aumento do IOF um agravante para uma economia já fragilizada.

Em meio a isso tudo, uma coisa fica evidente: o governo está mirando no seu bolso e quer arrumar uma forma menos impopular de chegar até sua carteira e, mais cedo ou mais tarde, deve anunciar mais medidas para elevar a arrecadação.

Está claro que o governo não prioriza o livre mercado como motor do desenvolvimento, preferindo penalizar o setor produtivo com impostos crescentes, rejeitando os cortes em sua estrutura, desprezando pressupostos econômicos básicos sobre o crescimento econômico.

O aumento do IOF isola o Brasil do restante do mundo, já que retém mais recursos no país, desestimulando investidores estrangeiros. A decisão também trás insegurança jurídica, pois rompe o compromisso firmado com a OCDE de reduzir gradualmente o IOF, em conformidade com outros países da organização. Essa quebra envia um sinal negativo para o mundo.

Diante desse cenário, é evidente que o governo precisa de uma estratégia mais consistente e responsável para enfrentar o déficit público, sem recorrer ao constante aumento de impostos que penaliza o setor produtivo. Medidas estruturais e um compromisso real com o equilíbrio fiscal são essenciais para restaurar a confiança do mercado e garantir um ambiente mais previsível para a economia. Se o governo continuar insistindo em soluções simplistas e de curto prazo, aprofundará ainda mais a desconfiança, afastando investimentos e causando nova crise, sufocando o setor produtivo. É hora de repensar as prioridades e colocar o mercado novamente como motor do desenvolvimento econômico.

 

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