Exportadores de carne de frango do Brasil estão se preparando para a rejeição de cargas já embarcadas rumo ao exterior, após a confirmação do primeiro surto de gripe aviária em granja comercial do país. A informação foi confirmada nesta terça-feira (20) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa os maiores processadores do setor, como BRF e JBS.
Segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, países como China, México e Chile tendem a -aplicar protocolos sanitários rígidos, o que inclui a recusa de remessas mesmo que tenham sido embarcadas antes da confirmação oficial do foco. O prazo de corte pode variar entre 14 e 28 dias, dependendo dos critérios definidos pelos serviços veterinários de cada nação.
“A rejeição dessas cargas é uma possibilidade concreta. A flexibilização pode ocorrer apenas -mediante negociação e se a mercadoria tiver origem distante do foco da doença, registrado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul”, explicou Santin, em entrevista à Reuters.
O cenário impõe desafios logísticos e financeiros às empresas exportadoras. Além do custo do frete e da devolução, há incertezas quanto à extensão e duração dos embargos. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, respondendo por 39% das exportações globais do produto.
Segundo o Ministério da Agricultura, até o momento, cerca de 20 países já impuseram restrições ao frango brasileiro, com base nos protocolos internacionais para emergências sanitárias. Enquanto isso, o governo tenta convencer seus parceiros comerciais a adotarem restrições regionais em vez de embargos nacionais.
A China, que no ano passado suspendeu todas as importações de frango do Brasil por três -semanas após a detecção de um caso de doença de Newcastle, ainda mantém restrições ao -estado do Rio Grande do Sul. O governo brasileiro formalizou neste mês um pedido ao país asiático para que adote um protocolo de embargo apenas para a cidade afetada.
Apesar da gravidade da situação, Santin destacou que outros grandes compradores, como -Japão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, tendem a seguir protocolos mais brandos e aplicam proibições regionais, o que pode ajudar a conter os prejuízos do setor.