A confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja de matrizes no município de Montenegro (RS) colocou o setor avícola em alerta. O Ministério da Agricultura acionou imediatamente o protocolo de contingência e declarou autoembargo da carne de frango gaúcha para todos os destinos. Como consequência, China e União Europeia suspenderam temporariamente as compras de carne de aves de todo o Brasil, conforme cláusulas contratuais.
Apesar das medidas restritivas, pesquisadores do Cepea avaliam que o setor tem condições de conter rapidamente o foco da doença, reforçando os protocolos sanitários. Eles destacam que a diplomacia comercial brasileira deve trabalhar para negociar a flexibilização dos embargos, especialmente com China e UE, que podem ter interesse em rever a suspensão total diante da dependência do produto brasileiro.
O impacto imediato atinge principalmente o mercado de ovos, já que o Rio Grande do Sul responde por cerca de um terço das exportações brasileiras do produto. No caso da carne de frango, as consequências dependem da duração e abrangência dos embargos. A China, maior compradora, representa pouco mais de 10% das exportações, enquanto a União Europeia adquiriu 4,5% do volume total em 2024. Já os países do Oriente Médio, em conjunto, respondem por cerca de 30%.
Especialistas do Cepea ponderam que um embargo prolongado poderia desequilibrar não apenas o mercado de frango, mas também afetar as cadeias de carne suína, bovina e até mesmo o milho. No entanto, consideram prematuro projetar cenários, dada a recenticidade do caso.
Internamente, o mercado de frango vinha apresentando preços firmes e boa liquidez, sustentados em parte pelas exportações.