Apesar do bom desempenho da safra de soja em Mato Grosso, produtores rurais enfrentam desafios que vão além da lavoura. A alta nos custos de produção, com destaque para o preço do óleo diesel, mão de obra e contratos de arrendamento, tem pressionado a rentabilidade. No entanto, a falta de transparência no processo de classificação dos grãos é o fator que mais gera insatisfação entre os sojicultores na hora da comercialização.
Casos de descontos considerados excessivos por causa de laudos divergentes têm acendido um alerta no setor. Em um dos episódios relatados, um contrato de 41 mil sacas negociado via barter com uma empresa teve o grão repassado a uma multinacional, que terceirizou a classificação.
O laudo técnico inicial foi contestado pelo produtor, que solicitou nova avaliação por um classificador credenciado pela Aprosoja MT. O novo laudo atestou a conformidade da carga, mas a multinacional não acompanhou a reclassificação.
Para os produtores, situações como essa comprometem a confiança nas relações comerciais e geram insegurança em um momento crucial da cadeia: a venda. Estima-se que entre 40% e 50% da soja da atual safra ainda não foi negociada, e cerca de 60% está estocada.
A Aprosoja Mato Grosso destaca a importância do programa Classificador Legal, que oferece suporte com profissionais habilitados pelo Ministério da Agricultura (MAPA), garantindo análises justas e técnicas. A entidade defende que as tradings priorizem o uso de classificadores locais credenciados, como forma de aumentar a transparência e reduzir conflitos com os produtores.
