O mercado da soja segue enfrentando volatilidade diante de um cenário global marcado por incertezas cambiais, tensões comerciais entre China e Estados Unidos, e mudanças na política econômica da Argentina. Esses fatores vêm influenciando tanto o mercado físico quanto os contratos futuros, afetando decisões de produtores e exportadores.
Nesta semana, o dólar apresentou queda expressiva, encerrando o período cotado a R$ 5,72, o que pressionou os preços da soja no mercado físico nacional. A valorização do real reduziu a competitividade da commodity brasileira no exterior, provocando recuos nas principais praças de comercialização. Em Cascavel (PR), por exemplo, a saca passou de R$ 131 para R$ 130, enquanto em Paranaguá (PR) caiu de R$ 136 para R$ 134. No Centro-Oeste, Rondonópolis (MT) registrou queda de R$ 118 para R$ 116, e Rio Verde (GO) de R$ 117 para R$ 116.
A consultoria Safras & Mercado apontou estabilidade nos prêmios de exportação, mas o movimento cambial resultou em retração no mercado interno, com produtores adotando postura mais cautelosa diante das incertezas externas.
No mercado internacional, a Bolsa de Chicago oscilou levemente. Os contratos de maio/25 fecharam em US$ 10,36 por bushel, queda de 0,77%, enquanto o contrato de março/26 subiu 0,58%, cotado a US$ 10,45. A leve alta foi puxada por uma recuperação técnica, valorização do petróleo e preocupações com o ritmo do plantio norte-americano, que pode ser afetado por chuvas. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que 8% da área prevista para a safra 2025/26 já foi plantada, superando a média dos últimos cinco anos.
Na América do Sul, a Argentina anunciou o fim do “dólar blend” e unificou sua taxa de câmbio, medida que tende a aumentar sua competitividade, especialmente na exportação de farelo de soja, segmento em que o país é líder global.
Apesar dessas pressões, o Brasil continua se destacando nas exportações. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) revisou para cima a estimativa de soja embarcada em abril, passando de 13,3 para 14,5 milhões de toneladas. O desempenho reforça a força logística do país e a demanda aquecida, especialmente da China, que importou 3,5 milhões de toneladas em março — uma queda de 40% em relação a fevereiro, reflexo das tarifas de até 125% impostas sobre produtos norte-americanos.
Diante desse cenário multifatorial, especialistas projetam que a volatilidade deve continuar marcando o mercado da soja nas próximas semanas.