Medidas de Trump não devem trazer impacto negativo para exportação de carne bovina brasileira

Brasil pode ganhar mercados atingidos por tarifas dos EUA

Fabiano Reis
08/04/2025 09h35 - Atualizado há 1 semana
Medidas de Trump não devem trazer impacto negativo para exportação de carne bovina brasileira
Foto: Reprodução

Não é possível falar de mercado de carne bovina sem falar de mercado internacional e as tarifas de Donald Trump. Particularmente, creio que a pressão e guerra criada pelo presidente norte-americano não dificulta em nada as exportações de carne bovina brasileira para os Estados Unidos. Talvez, nem encareça para o consumidor daquele país, que já vive um cenário de preços altos e, ainda, pode abrir uma série de mercados para o produto do Brasil. Além disso, o movimento de embarques de carne bovina em março e na primeira semana de abril segue muito forte, enquanto a arroba do gado pronto valoriza.

No último dia 2 de abril o Donald Trump chocou o mundo com medidas com o seu chamado “Dia da Libertação” estabelecendo uma medida tarifária que atinge todos os países, em maior ou menor proporção. A menor, ficou para o Brasil, o que podemos considerar uma “sorte”, ficou em 10%, também chamada taxa universal. Na verdade são o tal Dia da Libertação combina dois extravagantes planos, o da imposição de tarifa mínima de 10% e taxas altas para países que, segundo Trump, sobretaxam os produtos norte-americanos.

Há um limite, uma cota, para exportação de carne bovina brasileira para os Estados Unidos, uma marca de 65 mil toneladas de carne in natura. Tudo o que passar deste volume é taxado em 22%, melhor dizer já era. A marca já tinha sido batida no fechamento da quarta semana de janeiro de 2025, no dia 24, restando ainda uma semana para processar. Para se ter uma ideia, ano passado foram 190 mil toneladas de carne bovina in natura, simplesmente 190% acima da cota. Por isso, não faz diferença ou traz impacto para a cadeia produtiva brasileira.

Na verdade, a taxa de 10% danosa para o etanol exportado para lá, capaz de eliminar este mercado para o biocombustível brasileiro, para a carne bovina pode trazer efeitos colaterais ruins para o consumidor norte-americano. Os Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, têm o menor contingente de bovinos para abate desde a década de 40, não há capacidade de suprir a demanda interna e a externa também.

Externa também, pois os EUA exportam para países que pagam muito bem pela sua carne bovina. Como o Japão, país oriental qual o Brasil deve começar a inserir a sua produção em breve. O mesmo Japão taxado por Trump em 24%.

O mesmo pode-se dizer da União Europeia, também super taxada e grande compradora de carne bovina norte-americana e, após o tarifaço, voltou a falar do acordo com o Mercosul.

Por fim, o cenário se apresenta com grandes oportunidades.

No mercado doméstico, o gado pronto tem valorização em praças de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso e norte do Paraná. O que mostra um cenário de recuperação de valores, enquanto há negócios na B3, para o boi gordo, nos contratos de outubro, novembro e dezembro, na casa de R$ 350 por arroba, sinalizando novas altas. No físico há uma clara redução de oferta, as fêmeas ficam mais raras no abate e as escalas industriais reduzem no mesmo ritmo.


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