Incertezas globais podem resultar em altas da Selic em maio, diz Inter

Tarifas de Trump ampliam instabilidade internacional e exigem cautela do Banco Central, dizem economistas

- Da Redação, com MoneyTimes
07/04/2025 09h15 - Atualizado há 4 horas
Incertezas globais podem resultar em altas da Selic em maio, diz Inter
Foto: Leonardo Sá / Agência Senado

O ciclo de alta da taxa básica de juros no Brasil pode estar chegando ao fim. A avaliação é do Inter, que aponta a crescente incerteza no cenário internacional como fator determinante para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerre os ajustes na próxima reunião, marcada para maio. A análise foi divulgada após o aumento das tensões comerciais globais com o novo pacote de tarifas anunciado pelos Estados Unidos, sob gestão do ex-presidente Donald Trump.

Segundo os economistas André Valério e Rafaela Vitória, do Inter, o ambiente econômico, que já era desafiador, tornou-se ainda mais complexo com as retaliações comerciais entre grandes potências. “O cenário que já era complexo ficou consideravelmente mais incerto”, afirmam. Desde o início do atual ciclo, o Copom elevou a Selic em 3,75 pontos percentuais, e uma nova alta — estimada em 0,50 ponto percentual — pode ser a última, levando a taxa de 14,25% para 14,75% ao ano.

Apesar da manutenção da projeção de aumento para maio, os analistas reconhecem que o Banco Central poderá revisar sua postura diante do agravamento das tensões comerciais e de seus possíveis impactos sobre a inflação e o crescimento global. Na avaliação deles, a autoridade monetária deverá considerar o efeito combinado da política monetária interna com os desdobramentos internacionais. “Assim, podemos ter o fim do ciclo na próxima reunião”, reforçam.

Os reflexos das tarifas impostas pelos Estados Unidos, que variam de acordo com o parceiro comercial, também trazem implicações diretas ao Brasil. O país foi relativamente poupado, com uma alíquota de apenas 10%, enquanto a China enfrentará sobretaxas de 54% e a União Europeia de 20%. Esse cenário pode, inicialmente, favorecer as exportações brasileiras aos norte-americanos, abrindo espaço para um ganho de mercado.

No entanto, o Inter alerta para os riscos de retaliações por parte de outras economias e o possível impacto negativo sobre o comércio global. Caso a China, por exemplo, entre em recessão como resposta às tarifas, o Brasil poderá sofrer com a queda na demanda por commodities, principal base de suas exportações. “Podemos ver um efeito líquido negativo nas nossas exportações”, ponderam os economistas.

Outro fator em análise é o comportamento do dólar. A moeda norte-americana tem se valorizado diante da aversão ao risco, mas o real pode aproveitar essa tendência em um cenário de desvalorização global do dólar, principalmente se os juros futuros nos EUA caírem em resposta ao temor de recessão. No entanto, mesmo a queda dos juros pode não ser favorável, pois ela refletiria uma percepção de desaceleração econômica significativa nos Estados Unidos — com potencial de se espalhar globalmente.


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