Não há grandes expectativas de uma mudança no perfil da remuneração do gado pronto no Brasil, os preços receberam pressão, recuaram e poucos cenários existem para uma mudança de comportamento no curto e médio prazo. Mesmo assim, os valores são melhores que do último ano. Em meio a todo o cenário, o Governo Federal teve mais uma ideia “mirabolante” para conter a inflação de alimentos e suspendeu os tributos de importação de nove produtos, incluindo carnes com a bovina, suína e de frango. Mas nada chama mais atenção que o projeto de lei de deputados do PSOL que querem taxar as exportações de carnes do Brasil.
Uma das características presentes nas taxas de importação, que caíram, é serem, em boa parte, em produtos que o Brasil lidera ou é expoente internacional. Ocorre com açúcar (maior exportador global), com milho (um dos maiores do mundo), café (primeiro em produção e exportação, disparado) e, claro com as carnes. Brasil é o maior exportador de carne bovina e também de carne de frango, atualmente o quarto maior exportador de carne suína do planeta.
Um dado do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, mostra que o maior o exportador de carne bovina do mundo, o Brasil, importa 1% daquilo que consome. Entretanto, mesmo este 1% não atingem a maior parte da população brasileira. Se tratam de carnes e cortes especiais da Austrália, Argentina e Uruguai, principalmente.
Na esteira dos acontecimentos ou em paralelo, três deputados federais Fernanda Melchionna (PSOL/RS), Sâmia Bomfim (PSOL/SP) e Glauber Braga (PSOL/RJ) assinam um projeto de lei para obrigatoriedade de impostos nas exportações. Três coisas são certas: a bancada do PSOL não sabe absolutamente nada sobre onde são consumidos os produtos que querem taxar; a bancada do PSOL não tem a menor ideia que é justamente a exportação que custeia os preços para o mercado doméstico; a bancada do PSOL não sabe nada sobre a história econômica recente da Argentina, país vizinho que contou com governantes que arruinaram a cadeia produtiva da carne bovina, inviabilizando a exportação e a oferta interna no período aplicado
Vou tentar ajudar as autoridades…
Em primeiro lugar, se considerarmos as carnes “mais consumida” e a “mais desejada” no Brasil, de frango e bovina, respectivamente, vamos encontrar números, porcentuais, parecidos.
A produção de carne de frango no último ano ficou em torno de 15 milhões de toneladas, 9,8 milhões para o consumo interno, cerca de 70%.
Ainda em 2024, a produção brasileira de carne bovina totalizou 10,91 milhões de toneladas, 7,93 milhões de toneladas ficaram para o consumo interno. Aliás, aqui os nobres deputados deveriam avaliar que é justamente por conta do consumo doméstico, de uma população empobrecida pelo alto custo Brasil, dos gastos públicos faraônicos e inflação extremamente elevada, que a população não consegue pagar por diversos produtos da cesta básica e os pecuaristas receberem pouco pela arroba do boi. Observem deputados…
Em segundo lugar, a exportação custeia a produção que fica no mercado interno e melhora a qualidade daquilo que é consumido.
É evidente: os cerca de 70% da carne bovina que fica no Brasil tem um preço menor que a tonelada exportada. O pecuarista recebe por ambas e rentabiliza melhor, o que permite continuar trabalhando, produzindo. Como as exigências do mercado externo são maiores quanto a sanidade e precocidade do rebanho, todo mundo ganha. Senhores deputados. Não dá para fazer melhoramento genético e investimentos em apenas uma parte do rebanho.
Em terceiro lugar. Deputados, a caga, melhor dizer, o projeto proposto no Brasil, já foi aplicado em outro país (copiaram de lá?), fica perto do Brasil, a Argentina.
Foi um 2008 que a presidente da Argentina, em uma das ideias mais esdruxulas já apresentadas por um governo de país democrático, Cristina Kirchner é o nome dela, que aplicou o projeto (agora pertence aos deputados do Brasil). Uma completa tragédia!
- A Argentina era, então, um dos grandes players do mercado mundial, passou a ter relevância mediana;
- Como a exportação ficou capenga, o Governo viu o PIB Agropecuário recuar forte e o PIB geral também;
- Os frigoríficos desmotivaram e começaram a desocupar o parque industrial. O pecuarista argentino ficou sem alternativas e matou suas fêmeas;
- Com a redução da indústria frigorífica e de outros setores agro, o desemprego subiu forte e começou a “política de bolsas” na Argentina que aumentou a pobreza e endividamento do país.
Aos deputados, meu respeito por serem representantes públicos eleitos. Todavia, poucas propostas são tão nocivas e pouco inteligentes como o projeto de lei complementar 48/2025. Revisem suas posições. Controlem os gastos públicos e a inflação. Se fizerem, o resultado é quase automático!
Aos leitores, para saber mais, acessem: Portal da Câmara dos Deputados