A China ampliou sua participação nas exportações de soja do Brasil no primeiro bimestre de 2025, respondendo por 79% do volume total exportado, acima dos 75% registrados no mesmo período do ano passado, segundo informação divulgada nesta quinta-feira pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
O aumento da fatia chinesa ocorre em meio a um recuo nas exportações totais de soja do Brasil nos dois primeiros meses do ano. O país, maior produtor e exportador global do grão, embarcou 10,7 milhões de toneladas no período, abaixo das 12 milhões de toneladas registradas no mesmo intervalo de 2024. O resultado reflete um início mais lento das atividades em janeiro, impactado por uma quebra de safra em 2024 e um atraso na colheita de 2025.
A guerra comercial entre China e Estados Unidos, intensificada após a posse de Donald Trump, também influenciou o cenário. Segundo a Anec, os chineses reduziram suas importações de soja dos EUA e aumentaram as compras do Brasil, aproveitando condições mais vantajosas.
"Esse efeito ainda está em definição, embora, no curto prazo, os prêmios de exportação já tenham melhorado", destacou a entidade em relatório.
Nesta semana, a China anunciou tarifas retaliatórias contra produtos agropecuários norte-americanos, incluindo uma taxa adicional de 10% sobre a soja dos EUA. A Anec avalia que essa medida pode impulsionar ainda mais a demanda pela soja brasileira. No entanto, alerta que a logística interna segue como um fator limitante no escoamento da produção.
Para março, a expectativa é de que as exportações brasileiras de soja para todos os destinos alcancem 14,8 milhões de toneladas, um crescimento de 1,25 milhão de toneladas em relação ao mesmo período de 2024. Este será o primeiro mês de 2025 a registrar aumento nas exportações na comparação anual.
No primeiro mês do ano, os embarques de soja recuaram 1,3 milhão de toneladas frente a janeiro de 2024, totalizando 1,1 milhão de toneladas. Em fevereiro, as exportações atingiram 9,586 milhões de toneladas, volume ligeiramente inferior aos 9,61 milhões registrados no mesmo mês do ano passado.
Além da soja em grãos, a exportação de farelo de soja do Brasil foi estimada em 2 milhões de toneladas para março, volume 250 mil toneladas superior ao registrado no mesmo mês do ano passado.
Os embarques de milho, por sua vez, estão projetados para 337,6 mil toneladas neste mês, abaixo dos mais de 4 milhões de toneladas registrados no primeiro bimestre de 2025. Isso ocorre devido ao avanço da colheita da soja, que tende a ocupar maior espaço nos portos, reduzindo a disponibilidade para o cereal. Ainda assim, o volume previsto para o milho deve superar em quase 200 mil toneladas o total exportado em março de 2024.
