Soja gaúcha sofre com a falta de chuvas

Irregularidade das chuvas em fevereiro compromete a umidade do solo e o desenvolvimento das lavouras no RS

- Da Redação, com Canal Rural
03/03/2025 08h27 - Atualizado há 6 dias
Soja gaúcha sofre com a falta de chuvas
Foto: reprodução

As chuvas que ocorreram na segunda quinzena de fevereiro não foram suficientes para aliviar completamente a restrição hídrica que afeta parte das lavouras do Rio Grande do Sul. As altas temperaturas intensificaram a perda de umidade do solo gaúcho, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O Boletim de Monitoramento Agrícola da estatal, referente a fevereiro, indica que o armazenamento hídrico no solo do Rio Grande do Sul permaneceu menor nos primeiros 15 dias do mês passado nas regiões oeste, centro e noroeste do Estado. As chuvas irregulares e as temperaturas elevadas impactaram o desenvolvimento de parte das lavouras, aponta a Conab.

Em seu levantamento mais recente, a estatal estimou uma queda de 6,1% na colheita de soja para a safra do Rio Grande do Sul, com perspectiva de colher 18,45 milhões de toneladas, em comparação com 19,65 milhões de toneladas no ciclo 2023/24, apesar do aumento da área plantada no Estado.

Nos demais Estados do Sul, as chuvas também foram mal distribuídas em fevereiro. Na primeira semana do mês, houve volumes significativos em áreas do centro, norte e leste do Paraná, além do norte de Santa Catarina. Nesse mesmo período, as precipitações foram reduzidas no Rio Grande do Sul, mantendo a umidade do solo baixa.

“No geral, as condições foram favoráveis para o manejo e o desenvolvimento dos cultivos de primeira e segunda safras no Paraná e em Santa Catarina”, afirma o documento da Conab. No semiárido do Nordeste, o déficit hídrico também persistiu em fevereiro, com impactos para as lavouras de feijão e milho.

As lavouras de soja dos produtores gaúchos estão com anomalias negativas nos índices de vegetação devido às diferenças nas condições de desenvolvimento. A situação é mais crítica no sudoeste do Estado, destaca a Conab, “onde a falta de chuvas e as altas temperaturas têm impactado o desenvolvimento de parte das lavouras desde o mês de dezembro”.

No caso do arroz, produto que o governo monitora atentamente devido ao seu impacto na alimentação diária da população brasileira, as lavouras gaúchas estão em “boas condições devido à incidência solar favorável”, com bom potencial de produtividade, segundo a Conab. “Muitas áreas estão em fase final de maturação, tendo iniciado a colheita, principalmente, nas regiões da Fronteira Oeste e Central. As últimas precipitações foram importantes no aporte hídrico dos mananciais”, aponta o boletim. Em Santa Catarina, o clima foi favorável durante o ciclo da cultura e as áreas em operação de colheita têm apresentado boa produtividade e qualidade do produto colhido, indica a estatal.

A estatal ressalta que a evolução vegetativa das principais regiões produtoras de soja e milho segunda safra indicam condições favoráveis de desenvolvimento das lavouras em todo o país. Apesar do atraso na semeadura em determinados locais, o índice de vegetação da temporada atual evoluiu acima da média e do ciclo passado durante a maior parte do período reprodutivo das lavouras, chegando a superar o valor mais alto do índice das safras anteriores, devido às condições climáticas favoráveis e ao menor escalonamento do plantio.

No entanto, no sudoeste de Mato Grosso do Sul e no noroeste do Rio Grande do Sul, “houve uma desaceleração no crescimento do índice da safra atual em dezembro e janeiro, devido à falta de chuvas e às altas temperaturas, que afetaram parte das lavouras em diferentes estágios”, indica a Conab.

A maior parte das lavouras de soja do país estão em fase de maturação ou colheita. No Centro-Norte do país, a concentração de chuvas em fevereiro contribuiu para a manutenção da umidade no solo e, de forma geral, para o desenvolvimento dos cultivos.

“Apesar do excesso de precipitações interferirem na semeadura dos cultivos e na evolução da colheita, as chuvas beneficiaram o enchimento de grãos dos cultivos de primeira safra, além do início do desenvolvimento do milho segunda safra”, conclui o boletim da Conab.

 


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