Nos últimos anos, a piscicultura brasileira tem se consolidado como um dos segmentos mais promissores do agronegócio, impulsionada especialmente pela produção de tilápias. Representando 65% da produção nacional de peixes de cultivo, essa atividade movimenta bilhões de reais e emprega milhões de pessoas direta e indiretamente.
No entanto, para manter o crescimento sustentável e otimizar a produção, o setor busca constantemente inovações nutricionais. Dentre elas, destaca-se a utilização da protease exógena, considerado um dos avanços mais significativos nesse cenário.
A protease exógena é uma enzima que ajuda na digestão das proteínas presentes na ração dos peixes. Ao adicionar o suplemento à dieta, é possível melhorar a digestibilidade das proteínas, o que significa que o peixe consegue absorver mais nutrientes essenciais para o seu crescimento.
“Com a protease exógena, conseguimos aumentar a eficiência alimentar, o que não só favorece o crescimento dos peixes, mas também reduz o desperdício de nutrientes e os custos de alimentação”, explica a nutricionista animal da Quimtia Brasil, Juliana Forgiarini.
De acordo com a especialista, a inclusão dessa enzima na dieta dos peixes pode trazer benefícios expressivos, tanto em termos de saúde animal quanto de rentabilidade para os produtores.
“Ela melhora significativamente a conversão alimentar, o que significa que as tilápias crescem mais rapidamente e de maneira mais saudável, utilizando uma menor quantidade de ração para atingir o peso ideal. Isso reduz custos para o produtor e aumenta o rendimento”, detalha.
Ainda segundo a nutricionista, ao possibilitar uma digestão mais eficiente, a enzima também reduz o desperdício de nutrientes, impactando diretamente a qualidade da água dos viveiros. “A menor carga orgânica nos tanques diminui a proliferação de patógenos, reduzindo a incidência de doenças e a necessidade de tratamentos preventivos, tornando a piscicultura mais sustentável”, enfatiza.
Embora os peixes já produzam proteases endógenas para a digestão das proteínas, a suplementação com enzimas exógenas melhora significativamente a eficiência digestiva. Para Juliana, sem essa tecnologia, o desempenho zootécnico torna-se menos eficiente, exigindo uma maior quantidade de ração e ingredientes mais digestíveis para atingir os mesmos resultados.
“A tecnologia, como o uso de proteases exógenas, tem otimizado a digestão e o crescimento dos peixes, reduzindo o desperdício de nutrientes e melhorando a qualidade da água. Isso resulta em peixes mais saudáveis, contribuindo para o bem-estar animal e a sustentabilidade da produção”, acrescenta.
Benefícios diretos para o produtor
A alimentação representa uma das principais despesas na criação de tilápias, e qualquer ganho de eficiência nesse aspecto significa maior rentabilidade. Para o gerente técnico da Quimtia, Almiro Bauermann, a suplementação com protease exógena, vem demonstrando resultados promissores na melhoria da conversão alimentar e da absorção de nutrientes.
Segundo ele, isso se traduz em uma produção com mais respeito, responsabilidade e sustentabilidade, além de peixes mais saudáveis, maior ganho de peso e redução do impacto ambiental.
Com a melhor digestão das proteínas, há um aumento na retenção de nutrientes nos animais, o que contribui também para a melhor qualidade da carne de tilápia, atendendo às crescentes exigências dos mercados interno e externo.
“Com a expectativa de que a tilápia represente até 80% do mercado de peixes de cultivo no Brasil até 2030, a adoção de tecnologias nutricionais inovadoras, como as proteases, pode ser um diferencial competitivo essencial”, finaliza Bauermann.