A pecuária brasileira enfrenta um desafio significativo com as pastagens nativas, que, em 2018, ocupavam cerca de 68 milhões de hectares, representando 8% do território nacional. Essas áreas são frequentemente marcadas por produtividades baixas, dificuldades no aproveitamento da forragem e desempenho animal abaixo do esperado. No entanto, o conhecimento aprofundado das características das forrageiras nativas, sua época de utilização, a introdução de espécies melhoradas e um manejo adequado oferecem um grande potencial para melhorar a produtividade dessas áreas. Essas estratégias podem contribuir para aumentar a eficiência das pastagens nativas e, consequentemente, a produção de carne bovina no Brasil.
As pastagens nativas no Brasil são compostas por uma variedade de espécies de gramíneas e leguminosas, cada uma com suas características específicas. A compreensão dessas características é crucial para otimizar o manejo e o aproveitamento dessas áreas. Por exemplo, algumas espécies são mais adequadas para diferentes condições climáticas e solo, enquanto outras podem ser mais palatáveis para o gado em certas épocas do ano. No Sul do Brasil, destacam-se espécies como o capim-sudão e o sorgo forrageiro durante a estação quente, enquanto na estação fria, azevém anual e aveias forrageiras são mais comuns.
No Pantanal Mato-grossense, algumas das espécies forrageiras nativas que são pastejadas pelo gado incluem: Grama-tio-pedro (Paspalum oteroi): É uma gramínea nativa que se destaca por sua palatabilidade e qualidade mediana. Embora seja encontrada em áreas restritas, é uma forrageira importante para o gado na região.; Capim-felpudo (Paspalum plicatulum): Outra gramínea comum nas pastagens nativas do Pantanal, é frequentemente consumida por bovinos devido à sua disponibilidade e qualidade e Grama-do-carandazal (Panicum laxum): Esta espécie é também uma das principais forrageiras consumidas pelos bovinos no Pantanal Mato-grossense, conhecida por sua qualidade nutricional e adaptabilidade às condições locais.
A introdução de espécies forrageiras melhoradas em pastagens nativas pode significativamente aumentar a produtividade. Espécies como a *Brachiaria humidicula* cv. comum e llanero (dictyoneura) são conhecidas por sua alta capacidade de produção de forragem e melhor qualidade nutricional. Além disso, a integração de leguminosas, como o *Stylosanthes*, pode melhorar a fertilidade do solo e reduzir a necessidade de adubos químicos.
O manejo adequado das pastagens nativas é fundamental para evitar a degradação e maximizar a produção. Isso inclui práticas como adequação das taxas de lotação, controle de invasoras, monitoramento constante da condição das pastagens e introdução de plantas adaptadas. A rotação entre pastagens com predominância de uma ou outra espécie permite que as áreas se recuperem, melhorando a qualidade da forragem e aumentando a capacidade de suporte do rebanho (Tabela 1).
Tabela 1: Exemplo de Manejo de Pastagens Nativas
Quando o manejo é adequado e com a introdução de espécies melhoradas, é possível aumentar significativamente a produtividade das pastagens nativas. Por exemplo, a produção de biomassa pode aumentar em até 50% em áreas bem manejadas. Além disso, a melhoria na qualidade da forragem pode resultar em ganhos de peso mais rápidos nos animais, aumentando a eficiência da produção de carne bovina. O conhecimento das características das espécies nativas é essencial para melhorar o grau de sua utilização, pois cada espécie tem características próprias que podem potencializar a produção com a melhoria do seu aproveitamento em momentos de melhor valor nutritivo e capacidade de rebrota.
Além dos benefícios produtivos, o manejo sustentável das pastagens nativas também contribui para a preservação da biodiversidade e da integridade ambiental dos biomas brasileiros. Isso inclui a manutenção de habitats naturais para espécies silvestres e a redução do impacto ambiental associado ao uso excessivo de insumos químicos.
As pastagens nativas no Brasil oferecem um grande potencial para melhorias significativas na produtividade pecuária. Com o conhecimento das características das forrageiras nativas, a introdução de espécies melhoradas e um manejo adequado, é possível aumentar a eficiência dessas áreas e contribuir para um aumento na produção de carne bovina. Além disso, essas práticas podem ajudar a preservar a biodiversidade e a integridade ambiental dos biomas brasileiros. Portanto, investir em tecnologias e práticas sustentáveis para o manejo de pastagens nativas é uma estratégia crucial para o futuro da pecuária nacional. A adoção dessas estratégias não apenas melhora a produtividade, mas também promove um desenvolvimento rural sustentável e responsável.