Embrapa desenvolve tecnologia para combater o desperdício de frutas pós-colheita

Dispositivo inovador monitora em tempo real a distribuição térmica dentro dos alimentos

- Da Redação, com Canal Rural
24/02/2025 08h55 - Atualizado há 1 semana
Embrapa desenvolve tecnologia para combater o desperdício de frutas pós-colheita
Foto: Divulgação

O Brasil, um dos maiores produtores e exportadores de frutas do mundo, enfrenta um grande desafio no campo da pós-colheita, com perdas que podem chegar a 80% em algumas variedades. Para enfrentar esse problema, a Embrapa Meio Ambiente (SP) desenvolveu uma tecnologia inovadora capaz de monitorar, em tempo real, a distribuição de calor dentro das frutas durante o tratamento hidrotérmico, processo essencial para garantir a sanidade dos produtos e atender às exigências de mercados internacionais.

O tratamento térmico tem como objetivo eliminar microrganismos, além de fortalecer as defesas naturais das frutas. Segundo o pesquisador Daniel Terao, responsável pelo desenvolvimento da tecnologia, o calor provoca mudanças bioquímicas que ajudam a proteger os frutos, como o fechamento de microferidas na camada de cera, evitando a entrada de fungos prejudiciais.

O dispositivo criado pela Embrapa permite o monitoramento preciso da temperatura durante o tratamento, garantindo que o calor atinja as camadas internas das frutas sem prejudicar sua textura ou sabor. "Sem um controle adequado, há o risco de danos que afetam a qualidade do produto", alerta Terao.

O Brasil, maior exportador mundial de suco de laranja e uma referência na produção de frutas como manga, melão e mamão, também enfrenta desafios devido a problemas com transporte, refrigeração inadequada e tratamentos sanitários deficientes. Patógenos como o mofo verde nos citros e fungos como Neofusicoccum parvum e Fusarium pallidoroseum afetam a qualidade e quantidade das frutas, impactando diretamente a competitividade do setor.

A solução desenvolvida pela Embrapa oferece uma alternativa sustentável ao uso de defensivos químicos, uma vez que muitos mercados, como a União Europeia e os Estados Unidos, impõem restrições severas aos resíduos de pesticidas. Além disso, alguns microrganismos presentes nas frutas podem produzir micotoxinas, tornando os alimentos impróprios para consumo. A tecnologia se mostra especialmente importante para frutas suculentas como mamão e melão, que são mais vulneráveis a esses agentes.

A Embrapa já solicitou a patente do dispositivo e busca parcerias para viabilizar sua comercialização, visando ampliar a adaptação da tecnologia para diferentes tipos de frutas. A expectativa é que essa inovação ajude a reduzir as perdas pós-colheita, tornando a produção de frutas brasileira mais eficiente e competitiva no mercado internacional.


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