A proposta do governo de reduzir as alíquotas de importação de alimentos para conter a alta de preços tem sido recebida com ceticismo por especialistas e economistas. Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe da G5 Partners, argumenta que o impacto da medida sobre a política fiscal seria pequeno, representando cerca de 3% da arrecadação do governo, e que a sinalização do governo é negativa para o mercado. Ele considera a medida inócua e contraproducente para controlar a inflação, especialmente considerando o problema de oferta mundial de carnes, que tem gerado preocupação no Palácio do Planalto.
No que diz respeito à redução das tarifas de importação de milho, Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, afirma que o milho importado, tanto da Argentina quanto dos Estados Unidos, dificilmente seria competitivo no mercado brasileiro, mesmo com a redução de retenções anunciada pela Argentina.
O milho americano, com seu preço elevado, também não representaria uma opção viável. Queiroz levanta ainda questionamentos sobre a viabilidade logística de realizar exportações e importações simultaneamente, especialmente em um ano de safra recorde, e alerta para o possível desestímulo ao plantio da segunda safra de milho, que corresponde à maior parte da produção nacional.
Em resumo, a proposta de redução de alíquotas de importação para alimentos enfrenta forte resistência de especialistas, que questionam sua eficácia e apontam potenciais impactos negativos na economia e no setor agrícola brasileiro.