Apesar das projeções de uma supersafra de soja em 2025, que poderia aliviar os preços agropecuários no atacado, as carnes e o café devem seguir como protagonistas na pressão sobre os custos do setor. De acordo com economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, o impacto desses itens será significativo, freando uma desaceleração mais acentuada nos preços ao produtor.
A alta na carne bovina reflete o atual ciclo pecuário, eventos climáticos adversos e a depreciação do câmbio observados em 2024. Além disso, o crescimento das exportações brasileiras promete intensificar ainda mais o cenário de preços elevados. Francisco Pessoa, economista da LCA 4intelligence, prevê que o boi gordo terá um aumento médio de 35% em 2025, enquanto outras proteínas, como frango, porco e ovos, também serão afetadas.
O café em grão, que já acumulou alta de 120,40% no atacado em 2024, deve continuar como um dos principais vetores de pressão inflacionária. Matheus Dias, economista da FGV, destaca que o peso do café no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-Agro) deve prolongar seus efeitos sobre a inflação em 2025, embora em menor intensidade.
No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as proteínas despontam como um dos pontos mais sensíveis. Segundo Fabio Romão, também da LCA, as carnes devem registrar alta de 16,4% no IPCA, enquanto a inflação dos alimentos no domicílio deve permanecer estável em torno de 8,2%, ainda elevada. Os especialistas apontam que, mesmo com a supersafra de soja, a pressão no mercado agropecuário continuará a ser um desafio em 2025.