Mais Arrobas com proteína
João Menezes
22/01/2025 09h15 - Atualizado há 1 semana
Foto: reprodução
A formulação de dietas para bovinos é um aspecto crucial que impacta diretamente o desempenho e a produtividade dos animais. Entre os nutrientes essenciais, a proteína desempenha um papel fundamental no crescimento, na manutenção e na produção de leite e carne. Para maximizar a eficiência alimentar, é essencial que as dietas sejam bem equilibradas, atendendo tanto às necessidades dos bovinos quanto dos microrganismos ruminais.
A proteína é vital para o desenvolvimento e a reparação dos tecidos corporais. Nos ruminantes, a fermentação ruminal, realizada por microrganismos, transforma componentes da dieta em formas utilizáveis. Para isso, a proteína fornecida deve ser degradável no rúmen (Proteína Degradável no Rúmen - PDR), permitindo o crescimento e a multiplicação desses microrganismos. Quando esses organismos morrem, eles se tornam parte da Proteína Microbiana, que é altamente digestível e de qualidade superior para os bovinos.
Uma dieta equilibrada para ruminantes deve conter proporções adequadas de PDR e de Proteína Não Degradável no Rúmen (PNDR). Enquanto a PDR é crucial para sustentar a população microbiana no rúmen, a PNDR passa intacta pelo rúmen e é digerida diretamente no intestino delgado, onde pode ser utilizada de maneira mais eficiente pelo animal para crescimento e produção. O equilíbrio entre esses dois tipos de proteína é essencial para maximizar o aproveitamento dos nutrientes.
As necessidades de proteína variam de acordo com a fase de vida e o tipo de produção do bovino. Por exemplo: Bezerros em crescimento - Altas exigências proteicas para sustentar o desenvolvimento rápido de tecidos, Novilhas e vacas em reprodução - Necessidades intermediárias, considerando o suporte ao crescimento e à reprodução, Vacas em lactação - Exigências elevadas devido à produção de leite e Bovinos de corte em terminação - Prioridade para o ganho de peso e deposição de tecido muscular (Tabela 1).
Tabela 1 - Exigências nutricionais de bovinos (NASEM 2021).
Durante períodos críticos, como a seca, a qualidade das pastagens tende a cair significativamente, comprometendo a nutrição dos bovinos. Nesses momentos, a suplementação proteica é uma estratégia eficaz para garantir que os animais recebam os nutrientes necessários para manter uma digestão saudável e um crescimento adequado.
Os benefícios da suplementação proteica adequada incluem: Melhoria na Digestão (Aumenta a eficiência alimentar e melhora a consistência das fezes), Ganho de Peso Consistente (Mantém um ganho de peso mesmo em períodos de escassez de forragem), Saúde e Bem-estar (Fortalece o sistema imunológico dos bovinos), Melhora Eficiência Econômica (Os benefícios econômicos superam os custos iniciais da suplementação).
Um exemplo de suplementação eficiente é o uso de ureia, uma fonte de nitrogênio não proteico (NNP), que pode ser utilizada pelos microrganismos ruminais para sintetizar proteína microbiana. No entanto, o manejo da ureia exige cuidados para evitar toxicidade, respeitando as doses recomendadas.
Para ilustrar a importância de uma dieta equilibrada, considere o seguinte caso: um lote de novilhas de 300 kg com ganho de peso médio esperado de 0,8 kg/dia. A dieta deve fornecer cerca de 13% de proteína bruta na base da matéria seca, com uma proporção de 60% de PDR e 40% de PNDR. Para atender a essas necessidades, a inclusão de alimentos que sejam uma solução eficiente para atender essas exigências, ajustando as proporções conforme a disponibilidade dos ingredientes.
A proteína é um componente essencial na nutrição de bovinos, impactando diretamente o crescimento, a produção de leite e o ganho de peso. Uma dieta balanceada deve atender não apenas às necessidades do animal, mas também às exigências dos microrganismos ruminais. Um planejamento cuidadoso, que leve em consideração o equilíbrio entre PDR e PNDR, pode maximizar a eficiência da utilização da proteína, resultando em melhor desempenho dos bovinos.