28/10/2024 às 09h17min - Atualizada em 28/10/2024 às 09h17min

Produção de sorgo no Brasil dobra em quatro anos e expectativa é de crescimento acelerado

Cultura avança como opção de segunda safra, impulsionada pela demanda interna e possibilidade de exportação para a China

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
Foto: reprodução

A produção de sorgo no Brasil tem passado por uma transformação notável. Nos últimos quatro anos, a cultura dobrou sua produção, alcançando cerca de 5 milhões de toneladas, o que coloca o Brasil como o terceiro maior produtor mundial do grão. O cenário para os próximos anos é ainda mais promissor, com previsão de que a área cultivada aumente em até 100%, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho).

 

Tradicionalmente considerado uma cultura de menor investimento, o sorgo enfrentou certo estigma entre produtores por “roubar” nutrientes das plantações de soja. No entanto, o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Flávio Tardin, explica que essa visão está mudando. “O sorgo era visto como vilão nas lavouras. Hoje, com melhor entendimento agronômico e cultivares que beneficiam o solo para a soja, ele está virando o grande mocinho”, comenta Tardin. Segundo ele, a cultura do sorgo oferece vantagens agronômicas significativas, como a resiliência ao estresse hídrico, o que a torna uma opção segura para produtores que enfrentam condições climáticas adversas na segunda safra.

 

A expectativa é que a área de cultivo de sorgo no Brasil atinja até 2 milhões de hectares na safra de 2025, um crescimento expressivo em relação aos 1,8 milhões atuais. “Com o aumento da demanda interna, principalmente para alimentação animal e produção de etanol, o sorgo tem um grande potencial de expansão, chegando a ocupar 4 milhões de hectares nos próximos cinco anos”, destaca o analista de mercado Vlamir Brandalizze.

 

A cultura tem conquistado espaço em novas regiões e setores. Paulo Bertolini, presidente da Abramilho, aponta o surgimento de indústrias focadas em etanol de sorgo, como a planta em construção na Bahia, que será a primeira do tipo na região de Luís Eduardo Magalhães. Além disso, há avanços nas negociações para exportação do grão para a China, um mercado com demanda anual de 10 milhões de toneladas de sorgo, das quais 7 milhões são importadas. “Esperamos que a visita do presidente chinês ao Brasil no próximo mês permita a assinatura de um protocolo sanitário que abrirá oficialmente o mercado chinês para o sorgo brasileiro”, explica Bertolini.

 

Com as exportações em vista e um aumento constante da demanda nacional, o sorgo consolida-se como uma alternativa viável e de baixo custo para produtores, fortalecendo-se no cenário agrícola brasileiro e despontando como uma cultura estratégica para os próximos anos.

 

 


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