09/10/2024 às 11h06min - Atualizada em 09/10/2024 às 11h06min

Mais Arrobas com pastagens diminuindo o impacto ambiental

João Menezes
Foto: João Menezes
A pecuária e o uso de pastagens são frequentemente vistos como os vilões quando se fala em desmatamento, queimadas e aquecimento global. No entanto, essa visão é bastante simplista e não reflete a realidade. Na verdade, ao analisarmos a situação, percebemos que a área destinada a pastagens diminuiu ao longo do tempo, em vez de aumentar devido ao desmatamento. Nos recentes picos de queimadas, os pecuaristas foram os que mais sofreram, enfrentando perdas significativas de pastagens, animais e infraestrutura.

É importante destacar que, apesar das acusações, os pecuaristas também estão investindo em tecnologias que ajudam a reduzir a necessidade de novas áreas para pastagem, um fenômeno conhecido como "efeito poupa terra". Isso significa que, com o uso de técnicas mais modernas e eficientes, eles podem produzir mais carne sem precisar desmatar ou expandir as áreas já utilizadas.

A tecnificação da pecuária traz muitos benefícios. Ela não apenas aumenta a produtividade, mas também ajuda a mitigar os gases de efeito estufa (GEE), otimizando o uso da terra, do trabalho e do capital. Um estudo do Insper Agro Global revelou que, entre 1997 e 2022, foi possível economizar impressionantes 205,5 milhões de hectares que poderiam ter sido utilizados como pastagens (Figura 1). Além disso, a Embrapa prevê que essa economia pode crescer ainda mais, sugerindo que é possível dobrar a produção de carne bovina nas próximas décadas, sem a necessidade de aumentar as áreas de pastagem.



As pastagens têm evoluído com o uso de técnicas como o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), intensificação do manejo das pastagens e a introdução de forrageiras mais eficientes. Isso não apenas aumenta a produtividade, mas também ajuda a capturar mais CO2 da atmosfera através de um processo de fotossíntese mais eficiente. Estudos têm mostrado que a introdução de gramíneas tropicais de origem africana, como as do gênero Brachiaria, que é particularmente eficaz nesse aspecto, conseguindo armazenar quantidades significativas de carbono no solo.

Um estudo de Segnini et al. (2007) demonstrou que, em uma pastagem com B. decumbens, houve um aumento de 35% no carbono do solo após 27 anos sem uso de adubação, comparado à vegetação nativa do cerrado. Quando essa área recebeu calcário e adubação, o aumento de carbono chegou a 73%, destacando assim a importância das pastagens na mitigação do CO2.

Além das melhorias nas pastagens, diversas tecnologias, como o iLPF, têm potencializado o impacto positivo que essas áreas podem ter na redução dos gases de efeito estufa. Em um experimento de longa duração realizado por Souza et al. (1997), onde foram estudados os níveis de matéria orgânica (MO) em um sistema de cultivo que envolveu soja e milho, ficou evidente que, após a introdução de pastagens ao longo de nove anos, o teor de MO aumentou continuamente. Esse resultado indica que as forrageiras têm uma capacidade notável de absorver nutrientes e transformá-los em biomassa, contribuindo para um aumento significativo na matéria orgânica e carbono no solo.

A Pecuária, em especial a  produzida em pastagens, além de produzir um alimento de elevado valor nutritivo, também tem importante papel na preservação do meio ambiente e mitigação dos gases de efeito estufa.

 

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