25/09/2024 às 10h39min - Atualizada em 25/09/2024 às 10h39min
Copom aumenta a Selic para 10,75%, mas alerta para riscos fiscais
Economista da FGV afirma que pressão fiscal pode exigir novas elevações na taxa de juros
- Da Redação, com MoneyTimes
Foto: Marcelo Casal Jr / Agência Brasil Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada na quarta-feira (18), a decisão de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, passando para 10,75%, foi considerada acertada pelo doutor em economia e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Márcio Holland.
Em entrevista ao programa Giro do Mercado, Holland destacou que essa medida é fundamental para preservar a credibilidade do Banco Central em um cenário de deterioração acelerada da inflação e de expectativas que se aproximam do teto da meta.
Holland alertou sobre os riscos associados à oscilação da inflação, enfatizando que a permanência próxima das bandas de tolerância pode comprometer a confiança na autoridade monetária. “Estamos brincando com uma situação muito arriscada, e a alta dos juros é uma forma de evitar essa possibilidade”, afirmou.
O economista também destacou a prudência do Banco Central em vincular a elevação da taxa à evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo ele, os diretores do BC reconhecem uma assimetria altista em seu balanço de riscos para a inflação no futuro. Embora a questão fiscal não tenha sido o foco principal do comunicado do Copom em setembro, Holland enfatizou sua relevância para a trajetória das taxas de juros.
“O arcabouço fiscal não garante a sustentabilidade da dívida pública, que já está em ascensão e continuará a subir. Não temos um cenário que indique um resultado primário suficiente para manter a relação entre dívida e PIB constante”, avaliou Holland.
Ele também mencionou que, atualmente, a dinâmica econômica tem proporcionado uma surpresa positiva, mantendo o hiato do produto sob controle. No entanto, qualquer eventualidade negativa no crescimento poderia resultar em um aumento da dívida, acarretando um prêmio de risco mais elevado, pressão sobre o câmbio e a necessidade de novas elevações na taxa de juros pelo Banco Central.
“Com o governo gastando muito e a resiliência inflacionária em ascensão, o Banco Central precisa cumprir sua função, que é garantir a estabilidade através do aumento da taxa de juros”, concluiu Holland.