06/09/2024 às 10h03min - Atualizada em 06/09/2024 às 10h03min

​Dólar cai mais de 1% e encerra abaixo de R$5,60 após dados fracos dos EUA e expectativas sobre juros

Moeda americana perde força globalmente, enquanto mercado especula sobre cortes maiores nos juros dos EUA e alta na Selic no Brasil

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
Foto: Pixabay
O dólar à vista fechou a quinta-feira com uma forte queda de 1,19%, cotado a R$5,5726, refletindo a combinação de dados fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos e a expectativa de mudanças na política monetária tanto no Brasil quanto nos EUA.

Este movimento foi observado logo após a divulgação do relatório ADP, que revelou a criação de apenas 99 mil vagas no setor privado norte-americano em agosto, muito abaixo das 145 mil previstas pelos economistas, e o menor número desde janeiro de 2021.

A frustração com os números americanos acentuou a possibilidade de cortes mais agressivos nos juros pelo Federal Reserve. A previsão, inicialmente, era de uma redução de 25 pontos-base, mas diante da fraqueza do mercado de trabalho, especula-se que o banco central norte-americano possa cortar os juros em 50 pontos-base ainda em setembro. Este cenário gerou um movimento de vendas de dólares, que acabou enfraquecendo a moeda americana frente a outras divisas ao redor do mundo.

No Brasil, o movimento foi amplificado pela percepção de que, enquanto o Federal Reserve pode seguir um caminho de cortes de juros, o Banco Central brasileiro pode caminhar em direção oposta, com uma elevação da taxa Selic. A expectativa é que a autoridade monetária aumente a taxa básica de juros em 25 pontos-base, havendo até 10% de chance de uma alta de 50 pontos-base. Atualmente, a Selic está em 10,50% ao ano.

"O dólar vem perdendo força globalmente com o receio de uma recessão nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o diferencial de juros entre os EUA e o Brasil está aumentando, o que fortalece o real", afirmou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. Segundo ele, o mercado já precifica a possibilidade de cortes mais amplos nos juros dos EUA, ao mesmo tempo em que no Brasil a alta da Selic parece inevitável.

Na abertura dos negócios, o dólar chegou a marcar a cotação máxima de R$5,6505 (+0,20%), mas a queda se consolidou ao longo do dia, atingindo a mínima de R$5,5699 (-1,23%) pouco antes do fechamento. No mercado futuro, o contrato de dólar com vencimento mais próximo caiu 1,18%, cotado a R$5,5925.

O cenário externo também ajudou a pressionar o dólar para baixo. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana frente a seis outras divisas fortes, recuava 0,17% ao fim da tarde, sinalizando a fraqueza generalizada do dólar no mercado internacional.

Além disso, no Brasil, o Banco Central realizou intervenções para fornecer liquidez ao mercado de câmbio, vendendo todos os 4.010 contratos de swap cambial ofertados em leilão. Segundo o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, as intervenções tinham o objetivo de manter a liquidez e foram uma resposta às movimentações recentes no mercado.

O foco dos investidores agora está na divulgação do relatório "payroll" na sexta-feira, que trará mais detalhes sobre o mercado de trabalho dos EUA. "Se o payroll mostrar uma desaceleração significativa ou um aumento da taxa de desemprego, a pressão para cortes mais agressivos nos juros dos EUA aumentará, o que poderá ter impactos diretos nas moedas, bolsas e expectativas de crescimento global", pontuou Diego Costa, head de câmbio da B&T Câmbio.

Apesar da queda do dólar nesta quinta-feira, no acumulado do ano a moeda americana ainda registra uma alta expressiva de 14,86% em relação ao real, refletindo a volatilidade e as incertezas nos mercados globais ao longo de 2024.

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