Os grãos são os principais alimentos usados em dietas de bovinos e o milho, o principal deles, tem elevado teor de amido. O amido é utilizado pelo animal como fonte de energia, porém quando em excesso pode trazer problemas nutricionais e de casco aos animais.
Dietas ricas em grãos são bem energéticas e melhoram o desempenho animal. Como os grãos são ricos em amido e sua degradação no rúmen pode provocar o aumento de ácido lático que provoca o abaixamento do pH ruminal e podem levar a quadros de acidose, que em situações mais graves, levam o animal a morte.
Dietas bem formuladas devem conciliar fornecimento além do amido, outras fontes de energia, como pectina, óleos, fibras além de aditivos que maximizem o funcionamento ruminal e o melhor aproveitamento dos alimentos. Além da preocupação com a velocidade de degradação, combinando alimentos de degradação rápida com outros de digestão mais lenta, também a fonte de energia deve ser motivo de preocupação, pois um excesso de amido pode favorecer distúrbios nutricionais.
O amido corresponde a 50-100% do carboidrato não estrutural (CNE) na maioria dos alimentos. Como qualquer outro CNE, tem como características a alta taxa de fermentação, produção de ácido lático como subproduto e redução do pH ruminal com consequente possibilidade de atrapalhar a degradação da fibra. Por outro lado, em pequenas quantidades podem ajudar no crescimento inicial das bactérias ruminais, reduzindo o tempo de colonização das partículas de alimentos pelas bactérias.
Quanto melhor o processamento dos grãos, maior o aproveitamento do amido (Tabela 1) e mais elevados os riscos de distúrbios nutricionais, portanto mais atenção quanto aos cuidados com a dieta e o seu fornecimento. Com os conhecimentos atuais, cada vez mais os animais são expostos a dietas mais ricas em grãos, melhorando o desempenho e aumentando os desafios na formulação, porém sem renunciar a alimentos ricos e eficientes como os grãos.
Tabela 1 - Valores de digestibilidade ruminal de amido de milho e sorgo em função do efeito do processamento (Raposo et al, 2015.
A ensilagem de grãos úmidos ou reidratados tem aumentado seu uso pelo fato de que melhora o aproveitamento do amido e da energia da dieta, com consequente melhora da sua eficiência. Essa técnica tem se mostrado efetiva tanto do lado nutricional como operacional, pois torna-se uma forma de armazenamento de milho mais barata, sem produtos para controle de praga e sem grandes investimentos em silos e secadores.
Em dietas com muitos grãos e consequente amido, o quadro de acidose pode desdobrar em timpanismo espumoso e laminite. Essa primeira doença metabólica decorre da estabilidade das bolhas, em função do aumento da viscosidade do fluido ruminal, que não deixam os gases da fermentação serem eructados, podendo até causar a morte por asfixia, uma vez que o rúmen inflado acaba por comprimir os pulmões. No caso da laminite, o problema é de edema nos membros inferiores do animal, causando desconforto, perda de apetite e imobilidade.
O amido é um importante componente das dietas, tornando-se mais energéticas e nutricionais, porém requer cuidados em dietas onde se faz o seu uso em grandes proporções.
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